Fugas - Viagens

  • A arte da Ilha do Descanso
    A arte da Ilha do Descanso
  • Colónia do Sacramento, no Uruguai
    Colónia do Sacramento, no Uruguai

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Tigre, a cidade líquida do delta do Paraná

A simbiose e a harmonia entre arte e natureza fazem da ilha um museu-jardim ou um jardim-museu. A ordem é arbitrária. Uma harmonia só possível por causa da humidade, e do facto de este delta único de água doce possuir um microclima especial para as suas plantas, e da notável colecção de arte reunida por Stamato.

Utilizada para passeios de canoa, refeições de grupo ou simplesmente para caminhadas ou contemplação bucólica ou artística, a Ilha do Descanso já recebeu Madonna para um chá sob uma casuarina e Will Smith para uma refeição em Dia de Acção de Graças.

Tortoni: “Sólo vive lo que continúa”

Aqui, o café, a tertúlia, o jogo ou a música convivem desde 1858. O velho e elegante Tortoni, fundado por um francês, que lhe deu o mesmo nome de um café de Paris, chegou a ostentar uma sala de jazz ou um cabeleireiro. Um presidente (Marcelo Torcuato de Alvear, que também é nome de hotel) vinha a pé desde a Casa Rosada, a residência oficial da presidência da república argentina, simplesmente para tomar café. Kirchner prefere o helicóptero, mas não consta que vá ao Tortoni.

O Tortoni é um célebre café de Buenos Aires, onde os empregados são instituições, famosos pelo seu profissionalismo, honorabilidade e delicadeza, algo extremamente raro em qualquer hemisfério ou continente. À semelhança de outros estabelecimentos, o Tortoni também tem as suas estátuas de fibra de vidro com os grandes heróis da cultura argentina: Jorge Luis Borges e Fernando Gardel estão em quase todos. (De vez em quando, Juan Manuel Fangio, o herói argentino dos primórdios da Fórmula 1, também tem direito a homenagem, como acontece no Café La Biela, um dos mais conhecidos estabelecimentos da Recoleta.)

O Tortoni também é nome de um tango: Viejo Tortoni, de Eladia Blásquez e Héctor Negro, cantavam o “Viejo Tortoni, refugio fiel”. Como escreveu César Tiempo numa homenagem ao café: “Sólo vive lo que continúa”. E ele continua.

Colónia do Sacramento, o Uruguai aqui ao lado

Do outro lado do rio da Prata, a 40 quilómetros de Buenos Aires e a cerca de uma hora de barco, há uma outra cidade e um outro país. Colónia do Sacramento, a porta de entrada no Uruguai, é uma pequena cidade fundada por portugueses em 1680, cujo centro histórico foi classificado como Património Cultural da Humanidade. A cidade foi escolhida por ser um ponto estratégico e desde esse momento foi sucessivamente disputada, a ponto de ter sido apelidada de manzana de la discordia. Ora portuguesa, ora espanhola, Colónia do Sacramento é o espelho dessa história de ocupações.

Lá estão o forte de origem portuguesa, o farol, o empedrado ou a igreja. Mas também uma população de raízes portuguesas, espanholas, suíças, alemãs, etc. A cidade é muito procurada por argentinos, sobretudo devido aos desportos náuticos, à semelhança do que acontece com grande parte desta costa com 200 quilómetros de extensão. Percebe-se que Colónia ainda tem muito potencial turístico por explorar, o que tem vindo a fazer com que os preços do imobiliário cresçam em flecha.

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