Fugas - Viagens

  • Rute Obadia
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  • Goran Tomas Evic/Reuters
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De Luxor a Assuão, viagem num Egipto à espera dos turistas

Edfu é rica em açúcar e cerâmica e apesar de ser uma cidade muito ligada à agricultura, já é ao turismo que a maior parte dos cidadãos se dedicam. Compreende-se. O templo de Edfu — também chamado de templo de Hórus, deus egípcio adorado nesta cidade e representado sob a forma de falcão — é um dos mais bem preservados do Egipto e forneceu aos arqueólogos importantes informações sobre os rituais nestes espaços e o poder dos sacerdotes. O imponente edifício começou a ser construído em 237 a.C por Ptolomeo III e as obras só ficariam totalmente terminadas em 57 a.C.: o resultado é um templo tipicamente egípcio com 137 metros de comprimento, 79 metros de largura e 39 metros de altura.

São precisos apenas 65 quilómetros por rio para chegar a Kom Ombo e a visita ao templo com o mesmo nome da cidade e o único com dedicação dupla no Egipto — ao deus crocodilo Sobek, deus da fertilidade, e a Hórus — é feita com a noite posta, lanterna na mão. A dupla homenagem deste templo é visível pela divisão perfeitamente simétrica ao longo do eixo principal, construído há mais de dois mil anos durante a dinastia ptolomaica. E aqui podem ver-se múmias de crocodilos, animal que desapareceu do Nilo depois da construção da barragem de Assuão, edificada nos anos 1960, uma das maiores do mundo e um verdadeiro colosso da engenharia.

O navio cruzeiro Sonesta Star Goddess é um barco com capacidade para apenas 70 passageiros, o que o torna num lugar familiar em pouco tempo. E lá dentro a única coisa que se torna menos simples é escolher em que espaço permanecer: se na suite com vistas para o Nilo, a ver a vida nas margens sem sair da cama ou da varanda “privada”, se no restaurante do piso -1, onde o nível da água é o mesmo dos olhos, se no magnífico pátio da cobertura, a desfrutar dos cheiros enquanto se dormita junto à piscina e se é acordado pontualmente pelo almuadem, que em altifalantes anuncia o horário das orações, feitas cinco vezes por dia na direcção de Meca.

Seja qual for o pacote que escolha para viajar no Nilo entre Luxor e Assuão — o mínimo são quatro dias, mas nos navios Sonesta podem ir até oito — vá preparado para pelo menos uma noite de animação: a noite da Galabaya Party, em que os viajantes são convidados a vestir-se com trajes típicos (que pode levar, comprar a bordo ou num dos muitos mercados das cidades por onde for passando) e a divertir-se como um egípcio (e isto inclui tentar a dança do ventre, evidentemente).

“O Nilo é a minha casa”

Último dia, o destino final: Assuão. Estamos a quase 1000 quilómetros do Cairo e envoltos numa paisagem arrebatadora, com o deserto a prolongar-se até perto do Nilo e um Nilo mais azul e transparente do que nunca, povoado por inúmeras e intrigantes ilhas. Desde o Império Antigo que esta cidade — cujo nome significa “mercado” — funcionou como um ponto de comércio, já que ali se cruzavam as rotas entre o Egipto, o resto de África e a Índia, e um ponto estratégico de incursões militares na Núbia e no Sudão.

Dica feita relativamente a Luxor repetida aqui: se puder, guarde pelo menos dois dias para esta cidade. Com apenas uma manhã fizemos riscos dolorosos em locais como Abu Simbel (onde se chega depois de três horas de viagem no deserto mas, diz quem viu, vale cada quilómetro percorrido), Amada, Wadi es-Sebua, Kalabsha, a Ilha Elefantina, o Museu de Assuão, o Museu Núbio, entre outros. A frustração é suportável porque o que vimos valeu também cada minuto.

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