Fugas - Viagens

  • Rute Obadia
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  • Goran Tomas Evic/Reuters
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De Luxor a Assuão, viagem num Egipto à espera dos turistas

Acidentes teve apenas um na vida, quando ficou cinco dias com o barco parado no meio do rio depois de chocar com outro navio que seguiu como se nada fosse. Recorda-o já com um sorriso: “Ele é que teve culpa mas não quis saber. Mas agora é outra coisa, não há acidentes, é tranquilo”, diz Qadry, olhos colados no rio. O caminho faz-se assim: sem ajuda tecnológica, como contou antes o director Ashraf Fawzy e o capitão gosta de reforçar: “Não há nada aqui para nos guiar. Eu não sei ler nem escrever, só o meu nome. Mas olho e sei. O caminho eu sei. O Nilo é a minha casa.”

Povoado núbio, um outro Egipto

Estamos ainda a recuperar do coração acelerado que a subida ao camelo provoca quando Abdul, divertidíssimo com a nossa cara, inicia a conversa: “É de Portugal? Manuel José? Cristiano Ronaldo?”, sorri.

A popularidade do treinador de futebol por estas bandas e de Ronaldo (por todo o lado) é sempre uma boa forma de criar empatia. Acenamos que sim, somos de Portugal. “Boa gente”, diz Abdul, “é como aqui”. No Egipto?, perguntamos em jeito de provocação. “Isto não é o Egipto, eu não egípcio, sou núbio.” Uma reacção que se repetiria com todos os núbios com quem se falasse sobre o assunto: este povoado mágico, junto à ilha Elefantina, é uma África diferente. “Temos a nossa cultura, a nossa cor, o nosso dialecto, as nossas tradições”, continua Abdul.

Chegamos ao povoado depois de uma magnífica viagem de 30 minutos numa faluca: vemos Assuão a fugir da vista, a ilha Elefantina ali pertinho, pássaros e peixes, somos brindados por uma Macarena afinadamente cantada por duas crianças que encostam a sua pequena embarcação que mais parece uma prancha ao nosso barco e viajam à boleia enquanto esperam, sorridentes, uma gorjeta. A Núbia é actualmente uma região partilhada pelo Egipto e pelo Sudão, onde na antiguidade se desenvolveu o que se pensa ser a mais antiga civilização negra de África, que deu origem ao reino de Kush.

O camelo deixa-nos numa casa tipicamente núbia, aberta aos turistas para que conheçam mais sobre a história e o povoado. Por ali, passa-se uma tarde a beber chá de menta ou o típico carcadé (infusão de flores de hibisco), a fumar shisha, a fazer tatuagens de henna, a ver crocodilos (e, quem quiser, pode até pegar num crocodilo bebé).

Mas este mergulho na cultura local não fica completo sem as conversas com quem por lá vive e trabalha e perder a noção da hora, entre as crianças de traços perfeitos e diferentes dos que tínhamos visto e os muitos gatos que por ali circulam, torna-se muito fácil. É como nos tentou explicar Abdul: os núbios não são árabes, nem são africanos. São simplesmente núbios.

A Fugas viajou a convite da Across e do Turismo do Egipto

 

Como ir

A Across organiza viagens ao Egipto e cruzeiros no Nilo, com programas adaptados às vontades e necessidades do viajante. A Egyptair não faz voos a partir de Portugal, mas com escala noutras cidades europeias é uma boa opção. Internamente, é também a que oferece mais opções a melhores preços. Para mais informações, contacte a Across através do telefone 217 817 470 ou pelo email travel@across.pt.

Quando ir

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