Mas se o edifício do armazém foi restaurado e requalificado, o mesmo não se passa cá fora, lamenta José Ferreira. “Só é pena a envolvente não estar preservada. Só é pena a linha não funcionar.” Com a linha desactivada, o complexo ferroviário foi deixado um pouco ao abandono, explica. E não estando o restaurante no centro da cidade, o Cais da Villa aprendeu a ser abrangente, para captar clientes. O festival Jazz & Wine, que em 2014 trouxe Mário Laginha, sublinha José Ferreira, é talvez a iniciativa mais mediática, mas outros eventos são promovidos, como conferências regulares. Uma maneira de suprir a falta de turismo na cidade, diz — “falta promoção” –, e de complementar o enoturismo que, apesar da supressão da linha que ligava ao Douro, continua a ser a vocação máxima do Cais da Villa. Existe até um clube que, entre outras coisas, oferece jantares vínicos aos sócios e descontos — inclusive na compra de vinhos. Sim, porque o Cais de Villa também é garrafeira. A.M.P.
Lisboa: O hostel da estação do Rossio
Foi há coisa de três anos e meio. Depois de mais de um século a receber viajantes apressados, a estação do Rossio passou também a ser morada de hostel. Inicialmente denominado Rossio Patio e agora Lisbon Destination, esta unidade de alojamento económico oferece um luxo arquitectónio e espacial pronto a seduzir qualquer turista. A grande e envidraçada porta do hostel situa-se ao nível do piso superior da estação, no outro extremo frente às bilheteiras, com o albergue a oferecer quartos e dormitórios partilhados, alguns deles aproveitando as janelas da monumental fachada e oferecendo vistas para o Teatro Nacional D. Maria II.
Com preços mínimos que podem começar em redor dos 15/20 euros por noite (há dormitórios partilhados por quatro e oito pessoas) e que sobem conforme a temporada e a privacidade dos quartos, o Lisbon Destination tem uma das suas grandes mais-valias num imenso pátio social. É em redor deste pátio, coberto por um tecto-clarabóia e com luz natural, que cria uma espécie de comunhão de “riad industrial”, que tudo se passa. Aqui, entre ferro, aço e madeira e sob tapete de relva artifical, uma escadaria liga-nos ao piso superior mas é também por aqui que se encontram sofás e puffs, mesa de snooker e livros, jogos e plantas. Todo um mundo criado pronto a ajudar a fazer amigos e complementado com cozinha comunitária e grandes mesas.
O hostel nasceu, numa área que era usada para exposições e após um restauro da estação, graças a João Teixeira e à sua equipa, depois de terem criado o Alfama Patio e antes de meterem mãos à obra para desenvolverem o outro hostel ferroviário de Lisboa, no Cais do Sodré. Ambos os hostels acabaram de entrar para o top 10 dos melhores hostels do mundo (categoria média dimensão, no megaportal de reservas Hostelworld). Bem nos dizia João Teixeira, na altura da abertura, que o seu objectivo passava por “elevar o patamar do hostel low cost”. A nossa noite de sono na estação do Rossio correu às mil maravilhas, com esse extra que foi sentirmo-nos parte do hostel com, provavelmente, a mais bela fachada do mundo. L.J.S.