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Bath: um segredo descoberto por uma vara de porcos

Nessa manhã de Inverno, a vara de porcos, afectada também pela lepra e indiferente à ameaça de chuva, chafurdava por entre o barro quente com um deleite de difícil compreensão para um ser humano. Observando os animais brincando, Bladud chegou à conclusão de que estes, com um aspecto lustroso, respiravam saúde. Num instante, pensou que também poderia beneficiar de uma imersão nesse lodo aparentemente milagroso — e assim encontrou a cura para a sua doença, regressando ao palácio para suceder ao pai no trono. Grato, Bladud não perdeu tempo e logo mandou fundar uma cidade e construir uns banhos em redor daquela fonte termal para que outros pudessem debelar as suas enfermidades, dedicando esses poderes curativos à deusa celta Sul.

A Aquae Sulis

Muitos anos mais tarde, já depois do nascimento de Cristo, chegaram os romanos e logo fundaram a cidade de Aquae Sulis, as Águas de Sul, erguendo, ao mesmo tempo, um extenso complexo termal para tirarem partido da temperatura natural (46 graus) das águas que brotavam das suas três fontes, bem como um templo dedicado à deusa Sulis-Minerva, a pouco metros de onde se eleva a magnificente abadia.

- Aprecio especialmente a piscina no telhado. As termas são maravilhosas para relaxar.

Faith Toynbee refere-se à piscina termal da Thermae Bath Spa, uma nova e controversa construção cúbica, de pedra e vidro, acrescentada aos banhos romanos, com uma panorâmica soberba sobre a cidade e uma atmosfera serena que o repicar dos sinos da torre da abadia gótica torna ainda mais mágica. Inicialmente com abertura prevista para 2002 e um orçamento (em 1996) de quase 13 milhões de libras, o projecto, com a assinatura de Nicholas Grimshaw, conceituado arquitecto responsável pela estação ferroviária de Waterloo, foi sendo sucessivamente adiado devido às várias disputas legais com os empreiteiros.

Em Agosto de 2003, para celebrar o renascimento da cultura termal na cidade, teve lugar em frente ao Crescent Royal um concerto gratuito dos Três Tenores, José Carreras, Plácido Domingo e Luciano Pavarotti, ao qual assistiram sete mil pessoas (e outras 20 mil através de ecrãs gigantes colocados no Royal Victoria Park). Mas foram necessários mais três anos para se proceder à abertura oficial das termas, um atraso com consequências para o bolso dos contribuintes, já que o custo total mais do que triplicou (45 milhões de libras) em relação ao orçamento inicial. Aos poucos, o investimento dá sinais de retorno financeiro: segundo um estudo realizado no ano passado, as termas atraíram 260 mil pessoas extra por ano, contribuindo com qualquer coisa como 15 milhões de libras para a economia da cidade. 

Bath é o único lugar em todo o país onde, imitando celtas e romanos num outro tempo, se pode desfrutar de um banho em águas quentes e ricas em minerais. Enquanto as nascentes Hetling e Cross abastecem as termas modernas, a King’s Spring fornece água (os três mananciais produzem cerca de 1,5 milhões de litros por dia) aos antigos banhos romanos.

Prefiro passear, agora que a manhã ameaça extinguir-se, por estes, pelo seu coração, o Great Bath, descer até ao nível das águas de um verde opaco onde, desde 1978, após a morte de uma jovem de 14 anos de uma forma de meningite (alegadamente depois de um banho em Bath), ninguém mais foi autorizado a mergulhar — e Bath deixou de ser um banho para se tornar num museu pelo qual sinto prazer em demorar-me, errando ao longo das suas passagens e aposentos situados abaixo do nível das ruas, ao encontro de outras piscinas mais pequenas e do hipocausto, da King’s Bath, construída no século XII em redor da nascente original e das ruínas do templo de Sulis-Minerva, sob o Pump Room.

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