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Bath: um segredo descoberto por uma vara de porcos

Mas nenhum destes escritores está tão intimamente ligado a Bath como Jane Austen, a autora de Mansfield Park, Orgulho e Preconceito e Emma. Contra a sua vontade, Jane Austen viveu na cidade — depois de a visitar em diferentes ocasiões — durante cinco anos, um período negro da sua vida (por ter deixado para trás um namorado e devido à morte do pai) mas tão colorido e inspirador para as suas novelas. Depois de terem compartilhado um tecto com familiares, os Austen alugaram uma casa no número 4 da Sydney Place, mais tarde viveram em Green Park Buildings (não são mais do que uma memória) e, com a morte do progenitor e sem a pensão que este recebia, foram obrigados a nova mudança, agora para a Gay Street, no número 25, bem próximo da casa (similar) onde funciona (número 40) o Jane Austen Centre, um museu que explora as ligações da escritora à cidade e com exibições de costumes da época e quadros contemporâneos de Bath.

Durante a II Guerra Mundial, Bath foi fortemente atingida pela Luftwaffe, durante os famosos raides Baedeker, com o intuito de destruir cidades históricas e, como complemento, de arrasar a moral britânica. Bath sofreu, de uma e de outra forma: algumas casas no Royal Crescent e no Circus sofreram danos consideráveis e os Assembly Rooms foram bombardeados e mais tarde restaurados. Era nestes últimos, desenhados pelo Wood mais novo e inaugurados em 1771, que se reunia a nata da sociedade, para dançar, jogar cartas ou ouvir música de câmara. Dispondo de tempo, não deixe de visitar a sala de jogos, de chá e o soberbo salão de bailes iluminado por candeeiros originais do século XVIII (durante a II Guerra Mundial foram retirados e guardados em segurança).

Dois séculos depois de uma tríade famosa ter colocado Bath no mapa do mundo, a UNESCO teve dificuldade, em 1987, em não abarcar toda a cidade na sua lista de Património Mundial da Humanidade — mas não teve coragem, nem argumentos, para deixar de fora cinco mil edifícios históricos.

Continuo sentado em frente à abadia, desfrutando do bom tempo e da panorâmica, sempre ao lado do casal de escoceses que cada vez se revela mais simpático.

- Faz tanto tempo. Mas parece que foi ontem. Foi em Bath, há mais de 40 anos, que passámos a nossa noite de lua-de-mel. Olhando a cidade, não se pode dizer que mudou muita coisa. É a Bath que conhecemos por essa altura, um museu ao ar-livre.

Tom e Jean Baty caminham, a meio da tarde, para o museu das termas, deixando-me sozinho e entregue aos meus pensamentos naquele banco que parece agora mais frio do que nunca. Eu não sei o que procuro com o meu olhar que vai abarcando a abadia mas sinto que o olhar deles e os seus passos procuram um passado cada vez mais distante. Mas muito menos distante do que o passado desta cidade que vive no presente sem poder hipotecar um tempo que parece morar tão longe.

 “Bah Bath exclamam alguns, que são a maioria, que não sabem que Bath é a décima maravilha: uma cidade que é um museu para viver.”

A frase não é minha, provavelmente nunca foi lida ou escutada pelo casal de escoceses, é de Guillermo Cabrera Infante, como a que se segue:

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