Fugas - Viagens

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Istambul: Terraços de vidro, barcos de chá

O caminho é a subir, claro, e cada vez mais verde. Vê-se bem porque a boleia é num jipe, que tem um ecrã no tablier onde assistimos a vídeos pirosos de música turca (dependendo da perspectiva). “Esta é um êxito”, detalha o condutor. Ora aparecem mulheres com vestidos que esvoaçam no deserto, ora homens que cantam músicas de embalar junto a grandes carros. Mas interessa-nos mais o mundo lá fora, francamente. Há um aglomerado de villas que parecem uma pintura geométrica em repetição, voltadas para o núcleo “golíaco” da cidade. “São das casas mais caras de Istambul; vivem aí muitos políticos e famosos.”    Chegamos ao destino, ainda em Istambul mas a 30 quilómetros do centro histórico. A vida de Polonezköy começa em 1842, quando o príncipe Czartoryski quis montar nesta floresta alta um centro de emigração para polacos. Até 1918, o local foi o refúgio de centenas de pessoas, fugidas da Sibéria ou da Guerra na Crimeia. Hoje, continua a ser refúgio – como toda a cidade, aliás, variando as épocas e os motivos –, mas sobretudo para quem quer manter-se longe do caos citadino, protegido por muros de arame farpado.

A noite, à volta da praça
No regresso ao centro urbano, tudo parece tranquilo. Notícias sobre as próximas eleições legislativas, a 1 de Novembro, dominam os televisores, as mercearias mantêm as portas abertas, e há quem ainda venda sésamo e melancia na rua. Os terraços à volta da avenida Istiklal continuam cheios de ricos e sonhadores que bebem café turco em peças de arte, fechadas por coroas de sultão, para que não arrefeça. Quem trabalhou 11, 12 e 13 horas afoga e esfumaça aqui, nesta tela de luzes e formigas animadas, as circunstâncias do dia. 

“Na minha infância, as noites eram bonitas porque a cidade, à medida que empobrecia, enterrava-se em si mesma, cobria-se de uma atmosfera turva e pesada – como quando neva –, que se impregnava de poesia. A noite de Istambul, pela razão de que os prédios altos ainda eram pouco numerosos no tempo da minha infância, introduzia-se dentro das casas, esgueirava-se por entre os ramos das árvores, pousava nos cinemas ao ar livre, nas varandas, nas janelas abertas…”, descreveu Orhan Pamuk. Hoje, há muitos prédios altos e, talvez por isso – e porque Istambul é a eminência constante de um acontecimento –, a vontade é de estar na rua sem intermitências. Terraços? Barcos? Uma manifestação na praça do povo? Funerais e casamentos? “Para resumir, esta cidade é completamente louca”, “complexa e sem limites”, admite Melis, que ama e detesta Istambul por essas mesmas razões. Pensaremos no assunto enquanto contamos os barcos que atravessam o Bósforo, como fazia Pamuk na sua pequenice. Seja como for, esta cidade é louca, por isso, às vezes, é bom ficar no terraço.

Guia prático

Como ir
Este ano foi feliz quanto às ligações entre Portugal e a Turquia. Passámos a ter 14 em vez de dez voos semanais entre Lisboa e Istambul e a Turkish Airlines inaugurou a rota Porto-Istambul, a 30 de Abril. As viagens (com escala) rondam os 300 euros (ida e volta), mas reservando-se com antecedência (para Dezembro, por exemplo), encontram-se voos a 220 euros.

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