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POLÓNIA | Wroclaw
Há muitas pontes em Wroclaw (que também responde por Breslau, em alemão — em português Breslávia) ou não fosse a capital histórica da Silésia (região charneira que já teve vários “amos”), um emaranhado de ilhas e ilhotas unidas por mais de uma centena de travessias sobre o rio Odra e afluentes que lhe valem nos folhetos turísticos o epíteto de “Veneza da Baixa Silésia”. Em retalhos de terra, portanto, estende-se a cidade que tem na praça Rynek (a praça do mercado), ladeada de casario medieval, o seu centro histórico, entre ruelas e pracetas imprevistas, igrejas barrocas e bares, carruagens a passear turistas e artistas de rua — e gnomos, muitos, de bronze (agora curiosidades, no tempo da Polónia comunista um símbolo da oposição). Quarta cidade polaca em dimensão, é ainda uma relativa desconhecida na Europa, vivendo um pouco na sombra de Cracóvia, mas 2016 pode ser o ano da emancipação, uma vez que Wroclaw é co-Capital Europeia da Cultura.
E não surpreende que as pontes para outras culturas sejam um dos temas fundamentais da programação numa cidade em que a mistura de culturas está no seu ADN. Como exemplo dessas pontes culturais, a programação inclui música de mais de 50 países e a performance Flow, que junta o literal ao metafórico: no rio Odra vai ser revista a construção, destruição e reconstrução da cidade. Esta performance é a segunda de três previstas que marcam o início, o meio e o fim da Capital Europeia da Cultura que abre no dia 15 de Janeiro e que serão, segundo a organização, os maiores espectáculos do ano na cidade. A programaçãoo está dividida em oito secções, cada qual com um curador, e inclui arquitectura, cinema, música, artes visuais, teatro, performance, ópera e literatura (que será também leitura quando, em Abril, Wroclaw se tornar a Capital Mundial dos Livros da UNESCO, ou seja, uma bibliopólis).
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FRANÇA
Se o futebol é o maior espectáculo do mundo, em 2016 França será o maior palco do mundo. Não é um campeonato mundial, mas o Euro 2016 assegurará que França, que já é o país que recebe mais turistas por ano, tenha um salto significativo nessa estatística. E serão visitas que se espalharão um pouco por todo país, unindo as dez cidades (oficialmente, porque Saint-Dennis é um subúrbio de Paris) que vão receber jogos entre 10 de Junho e 10 de Julho: além destas duas, a bola rolará ao sul, em Marselha e Nice, a sudeste caminhando para os Alpes, em Lyon e Saint-Étienne, ao sudoeste em Bordéus, vai até aos vales pirenaicos de Toulouse e chega ao Norte por Lille e Lens. Não cobre todo o país e isso tem as suas virtudes — quem quiser descansar das multidões futebolísticas tem muita França para descobrir.
Desde logo, por exemplo, a Bretanha e a Normandia, duas das mais cénicas regiões francesas, onde a natureza é a um tempo primeva e meiga e a História deixou pegadas infindáveis – e que passeio entre Bordéus e Lille ou Lens, cidades-futebol; a Alsácia, com os seus infindáveis Vosges, o Languedoc e a sua aura mística, o Vale do Loire e os seus extraordinários castelos e vilas históricas. E, para além de tudo isto, França, o maior produtor de vinhos do mundo, viu em 2015 duas das suas regiões produtoras reconhecidas como património da UNESCO, celebrando-se a cultura da vinha e os néctares produzidos em comunhão com a geografia. Umas férias vinícolas em França não serão novidade, mas esta distinção pode ser um incentivo (e recordemos que Bordéus e o Vale do Loire, também património da UNESCO, são regiões onde o vinho é central).