Ou não fosse esta uma zona muito procurada pelas famílias. Os cascos dos cavalos pisam o alcatrão por alguns minutos enquanto contornamos o enorme prado que anualmente, seis semanas após a Páscoa, recebe o festival KulturPur. E onde no 1.º de Maio as famílias se reúnem, numa tradição que é uma espécie de regresso às raízes.
Pomos os pés a caminho até ao castelo de Ginsburg embrenhando-nos irremediavelmente na floresta escura, húmida e fria mesmo num dia soalheiro. O cenário é primevo e encantatório, difícil de conceber que já foi zona bélica, fronteira entre os territórios dos condes de Nassau, de Wittgenstein e do Eleitorado de Colónia. Foi por este acidente geopolítico e para proteger a rota do ferro que os Nassau construíram o castelo. E foi daqui que aquele que viria a ser Guilherme I, nascido conde de Nassau, tornado príncipe de Orange e fundador da dinastia Orange-Nassau, planeou a libertação da Holanda do domínio espanhol (a família real holandesa descende deste nobre que nasceu na Alemanha para se tornar um herói holandês — o hino do país chama-se, precisamente, Wilhelmus van Nassouwe): a história destes tempos turbulentos é revista, superficialmente, na única sala aberta da torre. A visão do castelo é desanimadora: as ruínas estão “afundadas” e o que se vê, uma torre, é uma construção de 1968 despojada de qualquer estética. Na verdade, os edifícios a seus pés, sob o controlo da Associação para a Preservação de Ginsburg, são muito mais pitorescos — e hoje essa área está povoada de crianças mascaradas a celebrar o Halloween. O que vale no castelo é a vista do cimo da torre, chamada de Guilherme: o cenário parece multiplicar-se, como num jogo de espelhos, em mil montanhas cobertas de floresta até onde o horizonte termina. A paisagem pareceria parada no tempo não fossem as eólicas que se alinham nas cristas das montanhas, onde há milénios passava a “estrada do ferro”. É um autêntico ninho de águias e os celtas foram os primeiros a descobri-lo. Daqui de cima, as palavras de Goethe, recordadas por Birgitte noutro contexto, ecoam apropriadas — parafraseando: o homem precisa de duas coisas na vida, raízes e asas.
GUIA PRÁTICO
Como ir
Os aeroportos mais perto da região de Siegen-Wittgenstein são os de Colónia e de Frankfurt, este último o mais acessível a partir de Portugal, o único que tem voos directos. A partir daí, a viagem demora 1h30 minutos por carro.
A TAP voa para Frankfurt a partir de Lisboa com preços desde 160€; do Porto é necessário escala na capital (desde 182€).
A Fugas viajou na Lufthansa, que também voa apenas directamente para Frankfurt: a partir de Lisboa os preços começam nos 200€; do Porto, 300€.
Onde ficar
Uma boa base para explorar a região é Bad Laasphe. A Fugas ficou no Landhotel Doerr, em Feudingen.
Landhotel Doerr
Sieg-Lahn-Strasse 8-10
57334 Bad Laasphe – Feudingen
www.landhotel-doerr.de
Lahntal-Hotel
Sieg-Lahn-Strassee 23
57334 Bad Laasphe-Feudingen
www.lahntalhotel.de
Hotel Relais Chateaux Jagdhof Glashütte
Glashütter Strasse 20
57334 Bad Laasphe-Glashütte
www.jagdhof-glashuette.de