Fugas - Viagens

  • Nelson Garrido
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Wroclaw, 70 anos à procura de uma identidade europeia

Por razões que a geografia e o traçado dos impérios justificam, Breslau foi uma cidade estratégica do mundo prussiano. Era uma metrópole cosmopolita, por onde circulavam comerciantes e letrados, artistas e industriais. Além da população alemã, dinâmicas comunidades polaca e judaica floresciam na cidade e continuaram a prosperar no período do império alemão (o II Reich).

Breslau — explicam os historiadores —, a sexta maior cidade do império, foi fundamental para o desenvolvimento da identidade da Alemanha unificada e de lá saiu a inspiração para o hino e a bandeira.

Dessa época dourada sobram muitos vestígios. Destaquem-se dois, um pela beleza, outro pelo que motivou uma lista de celebridades a passar por lá.

A partir do centro da cidade, chega-se à ponte Zwlerzyniecki em dez minutos, de eléctrico (os bilhetes compram-se nos hotéis ou nos postos de turismo). É inconfundível, em ferro pintado de amarelo. Foi construída pelos alemães no final do século XIX, mas não há qualquer placa que o indique. Nesta cidade que outrora acolheu com fervor Hitler e a sua ideologia nazi — nas eleições de 1932 o partido conseguiu ali 44% dos votos, o terceiro melhor resultado em toda a Alemanha —, toda a herança germânica foi apagada após o triunfo do Exército Vermelho.

Um ano depois desta eleição nasceu em Breslau um dos primeiros campos de concentração nazis, criado em Dürrgoy para tirar do mapa político e das ruas a oposição social-democrata, os comunistas e os judeus — lá estiveram aprisionados o presidente da Baixa Silésia, o presidente do parlamento regional e o presidente da câmara de Breslau.

A ponte, com belíssimos pormenores que já anunciam a Arte Nova, tem na memória cenas sangrentas da batalha travada na Primavera de 1945. É preciso atenção para encontrar as feridas que as balas e as bombas fizeram no ferro e que denunciam esse passado apagado.

A partir da Zwlerzyniecki nasce um parque que alberga mais uma marca imperial alemã, esta impossível de ocultar. O Hala Ludowa (palácio do povo) é um coliseu de escala esmagadora agora conhecido por Milennium Hall. Inaugurado em 1913 para celebrar o centenário da vitória sobre Napoleão, a extravagância (como todos os autores lhe chamam) futurista em cimento e ferro foi projectada pelo arquitecto Max Berg também para mostrar como o império estava na vanguarda da técnica e da engenharia. O Millenium é uma das 7 maravilhas de Wroclaw, uma exposição que pode ser vista na antiga câmara municipal, na zona do Rynek, de 3 de Fevereiro e 15 de Maio.

Hitler — que herdou da era imperial a ideia de tornar Breslau numa cidade modelo do Reich — fez lá alguns discursos. E quando os soviéticos já dominavam a cidade, foi ali que promoveram a Conferência Mundial pela Paz de 1948. Bertolt Brecht, Aldous Huxley e Pablo Picasso participaram e foi no Milennium que o espanhol pintou a mais famosa versão das suas pombas da paz — nove meses depois Picasso chamou Paloma à filha recém-nascida.

Pôr a cidade no mapa

Mas regresse-se à ideia de Hitler para Breslau, à utopia de uma cidade-estandarte para uma nova ordem mundial. Para quem falava polaco em público, a prisão; para os eslavos, a expulsão; para os judeus (dez mil), os campos de concentração.

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