Fugas - Viagens

  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
  • Nelson Garrido

Continuação: página 3 de 7

Wroclaw, 70 anos à procura de uma identidade europeia

Uma rede de campos foi construída à volta de Breslau e no auge do conflito o complexo de Gross-Rosen teve cem subcampos de trabalho escravo que alimentava a indústria do Reich.

Não eram campos de extermínio, como Auschwitz e Birkenau, nos arredores de outra cidade do Sul da Polónia, Cracóvia, a duas horas de comboio de Wroclaw. Um dos objectivos desta Capital Europeia da Cultura, diz o presidente da câmara na conversa que teve com a Fugas, é pôr Wroclaw no mapa do turismo, o de memória ou o de lazer, e duplicar o número de visitantes.

Na Primavera de 1945, Hitler chamou a Breslau “cidade fortaleza” e ordenou-lhe que resistisse “até à morte”.

O cerco do Exército Vermelho à cidade durou 12 semanas, mais do que o de Berlim (dez dias) ou Budapeste (16 dias). A cidade resistiu até 6 de Maio, dois dias antes da capitulação alemã. Os bombardeamentos terrestres e aéreos soviéticos pulverizaram a cidade — o termo é dos historiadores Norman Davies e Roger Moorhouse, que escreveram um livro sobre Breslau/Wroclaw,Microcosm: Portrait of a Central European City.

Relata outro historiador, Richard Hargreaves, noutro livro sobre a cidade, A última fortaleza de Hitler: “A história e o sofrimento não acabaram com a queda da cidade. Para os sobreviventes alemães, piores dias viriam. Para os soldados, a prisão na União Soviética; para os civis, violação, pilhagem, fome e finalmente a expulsão, quando Breslau se tornou Wroclaw”.

O fim da guerra trouxe uma transformação profunda à cidade que foi arrancada à Alemanha, passando para o território da Polónia, o que não acontecia desde o século XIV. Colonos polacos (sobretudo de Lvov, agora Lviv e parte da Ucrânia) receberam ordem de marcha para “os territórios reconquistados da Silésia”, segundo a ordem soviética de repovoamento.

Os “salpicos cinzentos”

População nova não significou, porém, alma nova; essa demorou a nascer. “Os que foram residir na cidade tiveram de criar uma nova comunidade, praticamente a partir do zero” e isso leva tempo, disse o historiador Norman Davies ao jornal Wroclaw 2016, que só vai existir, em quatro edições trimestrais, enquanto durar a Capital Europeia de Cultura. “Além disso, durante a era comunista a Polónia desenvolveu-se isolada do Ocidente. Lembro-me de, nas minhas primeiras viagens, ficar com a sensação de que este país era de outro planeta. Numa escala menor, Wroclaw também era ‘outro planeta’ — sem a possibilidade de contactar os vizinhos na Alemanha e na República Checa, fechada, aprisionada”.

Por todo o coração da cidade há vestígios dos anos do isolamento. De vez em quando, por entre o casario histórico surgem os “salpicos cinzentos” do planeamento urbanístico soviético, na descrição de um crítico de arquitectura. Mas não passam disso mesmo, de salpicos, pois as feridas que as bombas abriram na paisagem foram rapidamente bem preenchidos — o que os soviéticos destruíram, os comunistas reergueram na febre da reconstrução fiel do centro histórico nos anos 1950 e metade dos 60.

É por isso que o coração de Wroclaw, atravessado por um rio, o Oder, que serpenteia pela cidade criando, com o seu caudal e múltiplos canais, um labirinto com pequenas ilhas (são 20) ligadas por 200 pontes, é elegante, espaçoso e luminoso. E é por isso que se diz que Wroclaw é uma das cidades mais bonitas da Polónia.

--%>