De vez em quando, volta a ideia de realizar a "mais longa viagem em comboio do mundo", precisamente de Portugal ao Vietname. Há que ir saltitando entre comboios mas o certo é que é possível concretizar essa odisseia.
A viagem tem sido alvo de vários relatos e planos, tendo até sido realizada numa espécie competição entre viajantes, em 2011, sob o mote "Ultimate Train Challenge", de Lisboa a Ho Chi Minh (antiga Saigão), e depois repetida em anos seguintes. Já nos últimos dias, um post do Facebook com um mapa da viagem foi alvo de milhares de partilhas (Weird World, Green Savers). Um mapa que, aliás, se encontra originalmente num artigo de 2011 escrito por um blogger apaixonado pela geografia, The Basement Geographer, de Kyle Kusch, que tinha precisamente planeado a viagem igualmente ao detalhe.
Neste blogue, a planificação da viagem é bastante completa e inclui informação útil sobre as mudanças de estações, os tempos de espera, o tipo de comboios e os preços. O post diz que se quisermos fazer uma viagem com um mínimo de interrupções, o percurso seria de Londres a Pequim, mas se o objectivo for mesmo “construir” a viagem de comboio mais comprida do mundo, esta seria do Porto a Ho Chi Minh.
Por que escolheu o blogger o Porto? Não é a cidade mais ocidental portuguesa servida por caminhos-de-ferro. Fosse esse o critério e teríamos Cascais. Desta vila a Ho Chi Minh demorar-se-á mais 1 hora e 39 minutos do que do Porto ao Vietname.
Mas se quisermos realmente conceber a viagem de comboio mais longa do mundo a partir da costa, então haverá que iniciá-la no extremo sudoeste de Portugal, na estação de Lagos. Daqui o trajecto sobre carris aumenta mais 551 quilómetros e, em vez das 327 horas calculadas pelo blogger, a viagem durará quase 334 horas.
Assim sendo, em vez da Invicta, de onde se iria apanhar o Sud Expresso a Coimbra para a fronteira francesa de Hendaya, o viajante deverá apanhar às 17h05 um regional de Lagos para Tunes e daí o Intercidades para Lisboa Oriente (chegada às 21h26) onde se instalará no Sud para chegar a França via Hendaya às 11h28 do dia seguinte.
Depois é “só” apanhar o TGV para Paris, mudar de estação, apanhar a ligação para Colónia, na Alemanha, e daí para Varsóvia. Da capital da Polónia para Moscovo a via mais rápida é por Minsk, na Bielorrússia, mas como os vistos (mesmo os de trânsito) para este país são difíceis de obter e é preciso pedi-los com muita antecedência, recomenda-se ao viajante que contorne esta antiga república soviética pela Lituânia e Letónia. Mas seguindo uma lógica de distância mais curta, o site prossegue a viagem pela via mais rápida (Varsóvia – Minsk – Moscovo).
Uma vez em Moscovo há que esperar 18 horas e 25 minutos (isto se todos os outros horários tiverem batido certo até aqui) até apanhar o mítico Transiberiano que levará o viajante durante seis dias até Pequim, onde, após mudar de estação, o entusiasta dos comboios apanhará a ligação para Hanói (Vietname) onde chegará 55 horas depois.
Depois disto o que são mais 33 horas sobre carris? Um simples passeio até concluir a viagem do Atlântico ao Pacífico quando o comboio proveniente de Hanói chegar a Ho Chi Minh.