Evitando os grandes aglomerados turísticos actuais da Croácia, como a já citada Dubrovnik – onde chegam diariamente dezenas de milhares de turistas de todo o mundo, atraídos pelas mesmas razões que levaram a UNESCO a declarar aquela cidade Património Mundial –, a viagem da Fugas por este país teria mesmo assim de prosseguir para sul, em direcção à Dalmácia. O próximo destino é a cidade mais antiga da Croácia, Nin, a Guimarães lá do sítio. Seguindo primeiro pela linha de costa e depois pelas boas auto-estradas que o país possui e que furam, através de múltiplos túneis, as muitas formações rochosas que pontuam a paisagem nesta zona, chega-se confortavelmente a este pequeníssimo povoado que se proclama como o berço da Croácia e que atrai milhares de pessoas anualmente também por causa das lamas medicinais que justificaram a abertura de um resort no centro da lagoa principal de Nin, muito próxima da mais longa praia arenosa do país (e fica o aviso para quem gosta de praia: aqui, muitas praias têm cascalho e não areia).
Nin, onde tudo começou
Nin situa-se a cerca de 15km a Norte de Zadar, numa ilha de 500 metros de comprimento. É palco de uma história de 3000 anos de tumultos, uma espécie de “cidade-igreja” rodeada de água, que testemunha alguns dos mais antigos exemplares da cultura croata desde os séculos IX e XII.
Reza a história que foi um dos principais locais ocupados pelos Libúrnios até à chegada dos conquistadores romanos, altura em que passou a chamar-se Aenona. Devastadada e abandonada por duas vezes, nos séculos XVI e XVII, tinha sido um importante porto. Hoje tem cerca de 1700 habitantes e vale sobretudo pelo interesse histórico, com exemplares arquitectónicos e arqueológicos únicos.
É curiosa a Igreja de Santa Cruz (séc. IX), considerada a catedral mais pequena do mundo, e a colecção arqueológica guardada no museu local. O acesso à vila pode ser feito por uma das duas pontes velhas. Os croatas terão colonizado a cidade algures no século VII e no século seguinte foi criada a primeira formação de governo que daria origem à primeira cidade real croata.
Quem a visita é recebido, numa das pontes, pela estátua do príncipe Branimir, duque da Croácia que reinou 13 anos, no final do século IX, período durante o qual a Igreja de Roma deu o reconhecimento papal à soberania croata, mantendo o país acima das pretensões territoriais e de poder dos bizantinos e dos francos. Terá sido nessa altura que a Croácia se tornou independente de jure. E essa história passa por Nin, ao lado da qual se estende uma riviera que oferece praia, saúde e natureza, desde as localidades de Zaton, Privlaka e Vir, todas de acesso fácil.
Zadar, o sinónimo de sol
De Nin a Zadar é uma viagem rápida que vale a pena fazer com tempo, sobretudo porque Zadar é, de facto, um diamante ainda bastante desconhecido do grande público. Um ilustre visitante do seu tempo, Alfred Hitchcock, disse dela que ali se pode ver o pôr-de-sol mais bonito do mundo. “Foi uma frase que ficou famosa e que é muito importante para a cidade”, recorda a guia Paula Padovan.