Diz a história que o célebre “Dia D”, do Desembarque na Normandia, que mudaria definitivamente a história da II Guerra Mundial, foi planeado aqui, pelo primeiro-ministro canadiano MacKenzie King, o britânico Winston Churchill e o presidente norte-americano Franklin Roosevelt.
Se tiver tempo, a Cidade do Quebeque pode ser também um ponto de partida para algumas visitas fora da cidade. Como um passeio de um dia, através da Costa de Beaupré, pelas montanhas, até à baía de Ste-Catherine, perto de Tadoussac, para ir ver as baleias.
O nome “Quebeque” nasceu de uma palavra dos índios algonquinos que significa “onde o rio estreita”. E, de facto, na cidade, o rio St. Lawrence tem cara de rio — e um rio onde, pela primeira vez este ano, depois de décadas de proibição, será possível voltar a nadar — mas a cerca de 200 quilómetros de distância, onde ele se encontra com o rio Saguenay e o seu fiorde, o St. Lawrence parece um mar imenso de águas cinzentas e frias.
Baleia à vista
E nesse mar que não o é há baleias. Dezenas, centenas delas. Reúnem-se ali para se alimentarem, fazendo as delícias de quem anseia por poder vê-las pela primeira vez. Entre Maio e Novembro, mas sobretudo de Agosto a Outubro, há por ali várias espécies, incluindo a baleia-azul.
Queríamos ir vê-las num Zodiac, mas o vento não ajudou e os botes pneumáticos que não levam mais de 12 pessoas não se fizeram ao rio. A opção que sobrava era um dos grandes barcos de turismo, com capacidade para 600 pessoas, e que naquele dia estava cheio de crianças entusiasmadas com a possibilidade de verem as baleias.
Depois de uma rápida incursão no fiorde do rio Saguenay, o barco já navegava há algum tempo sem qualquer indicação de que estávamos mais perto de ver os cetáceos. Pescoços esticados, olhos no horizonte daquele rio-mar, alguns binóculos colados ao rosto e nada. Mas, de repente, sem aviso, uma baleia vem à superfície mesmo junto ao barco. Quem estava colado à amurada daquele lado tinha sorrisos rasgados de orelha a orelha. Foi só o início de um bailado que durou longos minutos, com várias baleias a deixarem-se ver entre o ondular das águas. Foi também a baleia que mais se aproximou do barco.
A partir dali, uma guia ia anunciando pelo microfone para onde devíamos olhar, em busca do repuxo que indicava a presença de uma ou mais baleias (havia grupos de três ou pares a nadar lado a lado), na antecipação do momento em que elas estavam à superfície para respirar, antes de voltarem a mergulhar.
É preciso deixar um aviso. As baleias vão ali para comer, não para fazer a corte ou brincar, por isso não é muito provável que as vejam dar saltos na água ou a erguer as suas caudas tão características em recortes perfeitos contra o céu, como acontece noutras regiões do planeta. O mais provável é que veja os seus repuxos, um pouco do dorso quando cruzam a superfície antes de mergulhar. Mas há sempre a hipótese de uma baleia mais animada satisfazer os visitantes com um salto acrobático (sim, aconteceu) ou de vir espreitar quem são os intrusos nas suas águas. E, mesmo que assim não seja, como se percebia facilmente pelos gritinhos de entusiasmo que se ouviam por todo o barco, baleias são baleias, são criaturas magníficas, quase míticas, e ter o privilégio de as ver no seu habitat natural, mesmo que só uma parte delas, pode encantar até o mais desprevenido.