Velhinha, agora, com 133 anos, a Brooklyn Bridge, com as suas torres de granito e os seus cabos de aço, estendendo-se ao longo de quase 1600 metros, não só é segura como continua a servir de passagem para milhões de trabalhadores, para turistas, para comboios, carros e bicicletas, oferecendo uma paisagem cénica difícil de igualar, graças ao esforço de seis centenas de homens que ao longo de 13 anos se encarregaram de a erguer, ligando as margens de Manhattan e Brooklyn. Entre eles, pelo menos duas dúzias pereceram, incluindo o arquitecto que a desenhou, John Augustus Roebling, nascido na Alemanha em 1806 mas de partida para a Pensilvânia quando tinha apenas 25 anos, carregando a esperança de se tornar agricultor naquele estado — uma ideia que se revelou um fiasco e o apressou a dedicar-se com mais afinco à engenharia civil. Pouco tempo antes do início da construção, quando ultimava alguns detalhes no rio East, os dedos de um dos pés de John Augustus Roebling foram esmagados por um barco e este viria a falecer, vítima de tetano, ao fim de três semanas. O filho, Washington A. Roebling, na altura com 32 anos e com ampla participação no projecto, assumiu a liderança das obras que terão custado qualquer coisa como 15 milhões de dólares americanos (mais de 300 milhões nos dias de hoje).
Si-o-Seh
Isfahan, Irão
Poucos monumentos no mundo produzem tanto encanto no viandante como a ponte Si-o-Seh, uma sensação que não se desvanece nem mesmo depois de depositar prolongados olhares nas sumptuosas mesquitas azuis dessa cidade que representa melhor do qualquer outra a Pérsia (actual Irão) eterna — Isfahan.
Rodeada de água ou mesmo num tempo de seca, nada impede os seus habitantes de darem um passeio, de dia ou de noite, junto a esta ponte construída no século XV pelos sucessores de Tamerlande mas totalmente modificada entre 1599 e 1602 (de novo restaurada na primeira metade do século XIX) por Allahverdi Khan, um dos generais preferidos do Xá Abbas I e de origem georgiana. Com as suas elegantes arcadas (são 33, correspondentes ao alfabeto georgiano) que se estendem a todo o comprimento (pouco mais de 130 metros e 12 de largura), a ponte é seguramente mais sedutora quando se reflecte nas águas do Zayandeh Rud — “o rio que dá a vida” —, com a delicadeza de uma mulher mirando-se num espelho.
Harbour Bridge
Sydney, Austrália
Os barcos aconchegam-se na pequena baía, atrás do cenário verde projectam-se edifícios como agulhas furando o céu azul, mais para lá a Ópera, depois a ponte, antes que o olhar se perca no horizonte indefinido. Com um comprimento de 1150 metros, a Harbour Bridge, na Austrália, é uma obra-prima da engenharia, com o seu famoso arco em aço que não tem paralelo no mundo — é o mais alto de todos, 134 metros acima do nível das águas e, devido às mudanças no clima, o topo ora regista uma subida ora uma descida de 180 mm —, ligando os subúrbios a norte com o centro de Sydney e por onde passam, diariamente, perto de 200 mil viaturas.
Após oito anos de trabalhos, aquela que é conhecida entre os locais como coathanger ( cabide) foi inaugurada a 19 de Março de 1932 graças ao esforço diário de 1400 homens (16 deles morreram durante as obras) que utilizaram seis milhões de rebites e 53 mil toneladas de aço para a tornarem realidade (só o arco pesa 39 mil toneladas). O dia da inauguração da ponte — onde chegou a trabalhar, em obras de pintura, o conhecido autor Paul Hogan — nunca será esquecido: a cerimónia deveria ser presidida por John “Jack” T. Lang, governante máximo de Nova Gales do Sul, mas foi o capitão Francis de Groot, membro do partido de direita New Guard, que cortou a fita com a sua espada por entender que esse privilégio competia a um elemento da Família Real — Francis de Groot, nascido em Dublin, foi detido, a fita voltou a ser colocada e John “Jack” T. Lang inaugurou oficialmente a Harbour Bridge.