Fugas - Viagens

  • Plaza Mayor de Salamanca
    Plaza Mayor de Salamanca NELSON GARRIDO
  • Zamora
    Zamora ARIUSZ KLUZNIAK
  • Igreja de San Pablo, em Valladollid
    Igreja de San Pablo, em Valladollid BBSFERRARI/GETTY IMAGES
  •  Academia de
Caballeria de Valladolid
    Academia de Caballeria de Valladolid DANIEL GARCIA
  • Toro
    Toro MARIUSZ KLUZNIAK

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Castela e Leão: Viagem no tempo da história ibérica

Este ano, Toro foi o local escolhido e a exposição Aqva divide-se entre a colegiada e a igreja de Santo Sepulcro, já no largo da câmara municipal. Está patente até 14 de Novembro. Entre as obras – que exploram o tema da água, desde mosaicos do século IV a instalações contemporâneas – há três peças portuguesas, as únicas que não vieram de museus ou de colecções privadas espanholas. Um São João Baptista do Museu de São Roque, uma pintura a óleo do Museu Nacional de Arte Antiga e um Santo António a pregar aos peixes num painel de azulejos do Museu de Lisboa. As obras vão surgindo divididas em seis capítulos, revelando a importância da água enquanto elemento de vida (e aqui a proximidade do Douro, que nasce na região, não terá sido indiferente à escolha) e presença assídua nas histórias bíblicas e nos sacramentos cristãos.

Outrora, Toro foi cidade real, lugar de celebração de cortes e centro da vida política, social e mercantil da região. Aqui foi coroado D. Fernando II de Aragão e se exilou e morreu Beatriz de Portugal, depois do marido, D. João I de Castela, perder a batalha de Aljubarrota. O mausoléu da infanta portuguesa é ainda hoje obra principal do Museu de Arte Sacra de Toro, no Mosteiro de Santo Espírito.

A cidade por onde agora passeamos tem, no entanto, menos de 10 mil habitantes e ares de povoação fantasma. No centro histórico, quase deserto, a arquitectura tradicional é feita de paredes desnudas, com a pele de tijolos e traves de madeira à vista e balcões em ferro forjado. Os letreiros imitam épocas medievais e assinalam sucessivas esplanadas na rua principal. Parece perdida no faroeste dos tempos. Há fachadas cansadas, muitos edifícios em obras (ou a precisar delas).

Lá ao fundo, a torre do relógio, com pés em arco, era uma das antigas portas da cidade muralhada e, contam as lendas, é “feita de vinho”. “Quando estava a ser construída, faltou água e o alcade de então terá pedido à população para trazer pipas de vinho para utilizar o líquido na produção do cimento”, conta a guia local. Os tintos de Toro, uma das 13 regiões vinícolas com denominação de origem em Castela e Leão, têm vindo a ganhar protagonismo e são já muitas as actividades enoturísticas que se podem fazer por aqui.

Zamora, a românica

Diz-se da província de Zamora que o Douro a divide em duas: a terra do pão e a terra do vinho. E é o rio ibérico que uma vez mais nos dá as boas-vindas, bordejando placidamente o centro histórico da cidade. Já foi linha natural de defesa, hoje é margem de jardins, cenário de postal. Ainda é Duero, mas a proximidade à fronteira portuguesa está estampada nos outdoors publicitários junto a uma das pontes. A feira de artesanato de Bragança tão perto quanto Valladolid, capital da região. Miranda do Douro, a localidade portuguesa mais próxima, fica a meros 55 quilómetros de distância.

Zamora viveu o seu período áureo na Idade Média e concentra hoje o maior número de igrejas românicas por metro quadrado da Europa. Foram todas restauradas nos últimos dez anos e cada uma apresenta pormenores arquitectónicos diferentes, consoante as influências. No total, são 23 templos construídos durante os séculos XII e XIII, 14 dos quais no interior do centro histórico muralhado.

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