Fugas - Viagens

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México: dois mergulhos no mar e dois banhos em terra

É um lugar mágico, o primeiro em todo o país a receber os raios do sol, com a vantagem adicional de estar localizado na vizinhança da Playa Garrafón, que designa igualmente um parque nacional, tão do agrado dos submarinistas e de milhares de peixes de tantas cores que, sem receio, se aproximam, quase tão curiosos como os turistas, à espera de serem alimentados. Embora sendo a mais próxima, a barreira de coral de Manchones não é a única, há outras, não menos sedutoras, como a Bandera, a Barracuda e a de Jigueo, sem esquecer a Cueva de los Tiburones Dormidos, onde se chega, de lancha, em menos de meia hora. A gruta dos tubarões adormecidos foi descoberta na década de 1970 por Carlos García Castilla, um pescador da Isla Mujeres alcunhado de Válvula pela facilidade com que permanecia, durante longos períodos, mais de 20 metros abaixo da superfície das águas.

- Desconhecia. Mas sabes que nadei na Playa Norte com os tubarões-gato? Foi uma experiência incrível. E a água é tão cristalina que se podem ver mesmo os peixes mais pequenos, garante Cátia Grimaldi, com quem marco encontro para uns dias depois, em Cozumel.

Não tarda, o sol volta a pôr-se sobre as águas mas ainda antes que o dia se extinga passo pela Hacienda Mundaca, construída (é um bom exemplo da arquitectura colonial de meados do século XIX) por um pirata espanhol com pedras provenientes do Templo de Ixchel para impressionar a sua amada, conhecida como la trigueña (a morena). Reza a lenda que a indígena nunca correspondeu ao amor que lhe dedicava Fermín Antonio Mundaca. Talvez, sem o saber, tenha conferido, com essa recusa ou através dessa manifestação de carácter, mais poder às mulheres da… Isla Mujeres.

Cidade branca

Era domingo. Sobre a cidade pairava uma estranha quietude que, no melhor dos casos, podia ter a ver com a minha falta de rotina domingueira. Ao fundo, no início de uma larga avenida, o Paseo Montejo, com os seus cinco quilómetros, as suas árvores e as suas mansões, recortava-se uma figura humana com a cabeça escondida atrás de um sinal de trânsito que segurava com a mão direita:

ALTO.

Todos os carros eram obrigados a fazer um desvio, a via abria-se apenas para quem caminhava, pedalava nas suas bicicletas e, já mais para a frente, fazia exercício físico, correspondendo a uma voz de comando que ia sincronizando os movimentos, enquanto o som estridente da música ia ecoando nos céus cobertos por uma neblina ténue.

Estou em Mérida, a cidade branca, assim chamada porque no momento da sua construção se limitou a utilizar materiais da região, semelhando-se a uma massa esbranquiçada que adquire maior expressão quando exposta aos raios do sol. Fundada sobre os vestígios de um assentamento maia conhecido na região por Ichcaanziho, que significa cinco colinas, ainda foi baptizada como T’Ho antes de adoptar a actual toponímia. Relatos da época dão conta de que Francisco Montejo, el mozo, terá ficado de tal forma impressionado com as antigas construções maias que lhe despertavam memórias das ruínas romanas da cidade homónima espanhola que, à data da sua fundação, a 6 de Janeiro de 1542, não teve dificuldade em escolher a sua designação — e Mérida, dedicada a Nuestra Señora de la Encarnación e registada incialmente como vila, abrigando 70 famílias espanholas e 300 nativos, apenas teve de esperar até 13 de Julho de 1618 para receber o título de muy noble y leal ciudad, juntamente com o escudo de armas, de acordo com uma cédula que leva a assinatura do rei Filipe II.

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