Mas se a preferência for por bombons e chocolates, o destino terá de ser a pastelaria Marbela, no centro histórico de Esposende, que este ano assinala três décadas de história — e que já mereceu, inclusivamente, uma referência na Fugas, “Chocolates com assinatura”.
O que fazer
Na época Primavera-Verão, o principal pretexto para uma deslocação a Esposende são as praias dos seus 18km de litoral, da Apúlia até à foz do rio Neiva. São praias ricas em iodo, na maioria contempladas com Bandeira Azul e o que isso significa de boas condições de acesso e usufruto.
Neste roteiro balnear, o acontecimento do ano é o popular “banho santo”, na romaria de São Bartolomeu do Mar (24 de Agosto), um ritual entre o cristão e o profano em que as crianças são mergulhadas no mar um número ímpar de vezes para ficarem livres de males como a gaguez e o medo — mesmo se, assistindo a situações concretas, sejamos levados a duvidar da eficácia deste “tratamento”…
Já no Outono-Inverno, principalmente para os birdwatchers, o Estuário do Cávado — integrado na Rede Natura 2000 — é um destino obrigatório. Tem um observatório próprio, que permite ver de perto até quase duas centenas de espécies, as mais habituais sendo os patos-reais, os gansos e as limícolas (pequenas aves da praia). Mas, em momentos de sorte, também aí se poderão encontrar raridades como os cisnes-mudos, corujas-do-nabal ou mesmo águias pesqueiras.
O que visitar
Não sendo especialmente rico, é bastante diversificado o património histórico, cultural e artístico disperso pelas freguesias de Esposende.
No capítulo religioso, o destaque vai para dois lugares: a Capela do Senhor dos Mareantes, no interior da Igreja da Misericórdia (século XIX), no centro da cidade; e o Templo do Bom Jesus de Fão (século XVIII). A primeira é considerada a “jóia da arquitectura religiosa da terra”, estando o seu valor maior no tecto em caixotões de talha polícroma representando os 12 profetas, além de pinturas sobre a vida de Cristo. A igreja do Bom Jesus foi citada pelo historiador de arte e especialista norte-americano no barroco português Robert Smith como uma referência desta época, e ostenta na fachada as armas do rei D. Luís I.
Ainda do ponto de vista arquitectónico, já atrás referimos as obras de Miguel Ventura Terra: o velho Teatro Club, o hospital e a moradia arte nova do brasileiro torna-viagem Valentim Ribeiro da Fonseca, figura marcante da terra, a quem se devem estas encomendas ao arquitecto do Santuário de Santa Luzia (Viana do Castelo) e da renovação da Assembleia da República.
Na arte pública, o rei D. Sebastião está imortalizado numa escultura em bronze de Lagoa Henriques, evocando o dia 19 de Agosto de 1572, em que aquele concedeu carta régia a este lugar, transformando-o numa vila autónoma de Barcelos.
Outras figuras de relevo nacional celebradas com bustos em Esposende são António Rodrigues Sampaio (1806-1882), jornalista e político liberal que chegou a chefe do Governo; o poeta saudosista e nacionalista António Correa de Oliveira (1879-1960), que viveu na freguesia de Belinho, onde ainda existe a sua casa; e o pintor Henrique Medina (1901-1988), que retratou Mussolini, vários Presidentes do Estado Novo e estrelas de Hollywood, antes de se fixar, na década de 1970, nas Marinhas, onde montou o seu atelier — e tem o seu nome numa escola.