Fugas - Viagens

  • A fusão dos negros da África subsariana com os habitantes do Magrebe resultou na gnawa, uma dança tradicional executada pelos berberes
    A fusão dos negros da África subsariana com os habitantes do Magrebe resultou na gnawa, uma dança tradicional executada pelos berberes Daniel Rocha
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  • Aicha, uma das mulheres que trabalha na cooperativa
    Aicha, uma das mulheres que trabalha na cooperativa Daniel Rocha
  • Hmad Bem Amar, um dos responsáveis pela revitalização do ksar El Khorbat
    Hmad Bem Amar, um dos responsáveis pela revitalização do ksar El Khorbat Daniel Rocha
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Majhoul, ou a tâmara mais saborosa do Sul de Marrocos

 

Rota da excelência

Não sei se a turista alemã, que escolheu o ksar El Khorbat para se alojar, o fez porque conhecia toda esta história. Mas foi esta história que deu sentido a tudo o que tinha ouvido no dia anterior ao secretário regional do Ministério do Turismo do Reino de Marrocos. Laabab Majid convocou jornalistas de toda a Europa para falar a nova estratégia turística para a região Draa-Tafilalet e apresentar um novo roteiro no Sul do país: a Rota do Majhoul

Catorze anos depois do seu lançamento, o projecto do ksar El Khorbat pode ser dado como o melhor dos exemplos do que as entidades oficiais de Marrocos querem fazer em todo o território de Draa-Tafilalet. Draa é o nome de um dos maiores rios que atravessa Marrocos, Tafilalet quer dizer riqueza. E por vezes a toponímia pode ser um bom augúrio, mesmo quando estamos a falar de uma área que tem o tamanho de uma Suíça ou uma Bélgica e onde só vivem 18 pessoas por quilómetro quadrado.

Majhoul é sinal de excelência. É o nome dado à mais nobre das tâmaras. E as tâmaras são um dos produtos mais conhecidos de Marrocos — rivalizam com o chá de menta, o sumo de laranja, as tajines aromatizadas com as incríveis especiarias. Tâmaras são também sinónimo de palmeiras, e elas simbolizam, afinal, aquilo que é mais conhecido e reconhecível desta zona no planeta, em que ainda há nómadas entre os berberes: os oásis no meio do deserto.

A Rota do Majhoul une, afinal, os mais representativos oásis do país — do vale do Ziz, o maior de Marrocos, com 120 quilómetros de extensão — e as atracções turísticas dos vales do Draa, do Dádès e de Ouarzazate, para oferecer aos visitantes tudo o que possam precisar para uma escapada no deserto.

Majid falou de desafios e de oportunidades, de clusters e de metas de crescimento. O seu discurso poderia ser colocado na boca de um qualquer ministro europeu: a necessidade de valorizar tradições e recursos endógenos, a vontade de aumentar dormidas e multiplicar receitas, a oportunidade de garantir financiamentos internacionais para avançar com projectos para dinamizar aquela que já é uma importante fonte de riqueza do país, mas foi quando falou de ecoturismo e de pôr em marcha corredores temáticos que ligam territórios e permitem valorizar o património natural e cultural que tudo fez mais sentido. Até 2020 vai ser investido quase meio milhão de dirhams (cerca de 45 milhões de euros) para avançar com esta rota

No ksar El Khorbat ainda não se falava desta estratégia e ela já era aplicada no terreno. “As palavras que hoje em dia se defendem e se falam no mundo inteiro, como a tolerância, a sustentabilidade, já são praticadas há muito tempo nos oásis”, remata Hmad, fundador, com Joan Castelana e Roger Mimó, da Associação El Khorbat para o Património e Desenvolvimento Sustentável, em 2002, e que recebeu um prémio do Turismo Nacional em 2010. As tâmaras mais famosas de Marrocos, dizia, são as de Erfoud, cidade a 90 quilómetros de Tinedjad, que todos os anos realiza o Festival Anual das Tâmaras. Mas o sabor da Majhoul, o sabor da excelência, eu encontrei-o aqui, no ksar El Khorbat.

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