Fugas - Viagens

  • A fusão dos negros da África subsariana com os habitantes do Magrebe resultou na gnawa, uma dança tradicional executada pelos berberes
    A fusão dos negros da África subsariana com os habitantes do Magrebe resultou na gnawa, uma dança tradicional executada pelos berberes Daniel Rocha
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  • Aicha, uma das mulheres que trabalha na cooperativa
    Aicha, uma das mulheres que trabalha na cooperativa Daniel Rocha
  • Hmad Bem Amar, um dos responsáveis pela revitalização do ksar El Khorbat
    Hmad Bem Amar, um dos responsáveis pela revitalização do ksar El Khorbat Daniel Rocha
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Majhoul, ou a tâmara mais saborosa do Sul de Marrocos

E a experiência deve terminar com um passeio ao fim de tarde naquelas que são as dunas mais altas do deserto de Marrocos — as dunas de Erg Chebbi, que chegam a atingir 200 metros. Há passeios para todos os gostos. De jipe, de moto quatro, de bicicleta. A recomendável é a de camelo — não temos nada contra desportos motorizados, mas se o lema é perceber como viviam, e vivem, os povos nómadas devemos usar o mesmo meio de transporte. O camelo, ora pois.

Há muitos operadores a oferecer estes passeios, sempre mais recomendáveis ao pôr do sol, quando as temperaturas são mais suportáveis. Faça figas para que não haja rajadas de areia, mas uma coisa é certa: é sempre possível pedir a um berbere para lhe ensinar a colocar o turbante que o protegerá de quase tudo (quase, porque haverá sempre grãos de areia que se conseguem alojar nos lugares mais insondáveis).

É provável que tenha dificuldade em sentir a imensidão do deserto só para si, ou que consiga evitar ter sempre mais turistas, e mais camelos, no enquadramento da fotografia. Mas não se acanhe. Afinal, os berberes também andavam em cáfilas. E montar um camelo será sempre diferente de tudo o resto que virá a experimentar — e a adrenalina está reservada apenas para o momento em que sobe (ou desce) ao animal. Tudo o resto é um aprazível passeio pelo deserto. Mesmo.

 

Nascente de Ain Atti e khettaras de Khorbate

Na estrada para Erfoud, uns quinze quilómetros antes de chegar à cidade é possível que consiga reparar num jacto de água a disparar para o céu. Repare melhor para as placas e siga a indicação que diz: Aïn Atti. Atti quer dizer, em berbere, dádiva de Deus. E aquela nascente, no meio do nada, está agora a ser estudada para comprovar se tem, como gostariam, propriedades medicinais.

Não há guias no local, nem grande informação que explique quando foi descoberta, e se é utilizada para alguma coisa. São os vendedores locais que fazem as vezes de guias — que há sempre bancas a vender artesanato, e rosas do deserto, e comida, onde quer que possa parar um ser humano no meio do deserto. A única coisa que se sabe é que é uma nascente salgada, imprópria para uso humano. Talvez porque há milhões e milhões de anos o mar estava ali, como comprovam os muitos fósseis marinhos que abundam na região. O nosso guia improvisado diz que está a ser estudada a forma como se consegue “dessalinizar” aquela água, para poder ser usada na agricultura.

O engenho do povo em conseguir “domar” a água que se infiltra nas montanhas para a conduzir onde é mais precisa pode ser encontrado em alguns dos khettaras agora abertos ao público. Há um projecto público ambicioso de fazer o ecomuseu dos khettaras, que vai permitir uma melhor infraestrutura de visita a este incrível processo de recolha e condução de água que começou a ser usado no deserto do Irão há três mil anos. A técnica chegou a Marrocos há quatro séculos e é ela que explica por que é que no meio do deserto há grandes montes de areia, alinhados a esquadro, a seguir uma direcção — quase sempre desde uma montanha, ou um rio, até ao oásis.

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