Fugas - Viagens

  • A fusão dos negros da África subsariana com os habitantes do Magrebe resultou na gnawa, uma dança tradicional executada pelos berberes
    A fusão dos negros da África subsariana com os habitantes do Magrebe resultou na gnawa, uma dança tradicional executada pelos berberes Daniel Rocha
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  • Aicha, uma das mulheres que trabalha na cooperativa
    Aicha, uma das mulheres que trabalha na cooperativa Daniel Rocha
  • Hmad Bem Amar, um dos responsáveis pela revitalização do ksar El Khorbat
    Hmad Bem Amar, um dos responsáveis pela revitalização do ksar El Khorbat Daniel Rocha
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Majhoul, ou a tâmara mais saborosa do Sul de Marrocos

 

No reino das dunas e palmeiras, dos desfiladeiros e dos kasbahs

 

O Museu do Oásis de El Khorbat documenta com pormenor tudo o que é importante conhecer para perceber com rigor como é a vida num oásis — e como é que se organiza em torno dele uma sociedade que ainda tem muito de tribal, mas que já teve, e tem, contactos com outras culturas e religiões, como o judaísmo (no passado) e o islamismo (mais recentemente). Permite, também, perceber toda a região e como é que as populações se foram adaptando aos regimes impostos pela natureza, que tem tanto de generosa como de caprichosa.

Há registo de vida humana na região de Tafilalet (que, no mapa administrativo actual de Marrocos, corresponde à província de Errachidia) desde tempos pré-históricos. Foram estes humanos que tiveram de se adaptar a uma geografia variada que começa nas montanhas agrestes a quatro mil metros de altitude e desce por gargantas e íngremes desfiladeiros, atravessando planaltos subdesérticos, desenhando pelo caminho oásis pintados do azul dos cursos de água e pelo verde das palmeiras, até desaparecer nas dunas de areia do deserto.

Os berberes, povo nómada (ou “homem livre”, no significado atribuído ao símbolo que os representa, e que está erguido em Timbouctou, no Mali), aprenderam a lidar com toda esta orografia, e habitam esta região que tem menos de 2% do seu território apto a cultivo. Em Marrocos ainda há 250 mil nómadas e a maior parte deles vive na região do Draa-Tafilalet. Em pleno século XXI, mudou muita coisa — na pastorícia, por exemplo, que é uma das actividades que mais concorrem para o sustento deste povo, já não há muita transumância, uma vez que o gado é transportado em camião. Mas a vida no oásis ainda é a mesma, a arquitectura das casas — dos kasbahs — ainda respeita as mesmas tradições, a experiência de dormir debaixo do céu estrelado no deserto é sempre imponente, sejam os bivouacs (acampamentos no deserto) mais ou menos luxuosos.

El Kharbat fica no coração desta região. A 50 quilómetros de Tinghir, e passagem obrigatória tanto na estrada que liga a Errachidia como a Erfoud. Ouarzazate e Zagora são outras das cidades “obrigatórias” neste roteiro pelo deserto, que pode ser feito numa viagem circular, a partir de Marraquexe. Seguem-se pequenos apontamentos do que não pode deixar de fazer se quiser vivenciar a experiência do reino das dunas e das palmeiras, dos desfiladeiros e dos kasbahs em todas as suas dimensões.

 

O vale do Ziz e as dunas de Erg Chebbi

O rio Ziz é um dos mais impressionantes do Sul de Marrocos, desce desde as montanhas do Atlas, em Midelt, até Errachidia, porta de entrada no deserto do Sara, paredes-meias com a Argélia. O dominante são as paisagens áridas e rochosas, em contraste com uma explosão de verde, dada pela maior concentração de palmeiras por metro quadrado que existe no Sul de Marrocos. A partir de Erfoud, passando por Merzouga, e tendo como pano de fundo as dunas de Erg Chebbi, é possível ir apreciando esta explosão de verde em contraste com a aridez do restante solo, ao mesmo tempo que, é inevitável, os olhos pousam nos kasbahs, as casas-fortaleza construídas pelas famílias que se queriam proteger das investidas de nómadas ou de populações de outros oásis – a produção era pouca, a defesa da colheita era feita à força, se fosse preciso.

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