Fugas - Vinhos

  • Rui Farinha/NFactos
  • Rui Farinha/NFactos
  • Patrícia Martins
  • Patrícia Martins
  • Nelson Garrido
  • Patrícia Martins
  • Rui Farinha/NFactos

Continuação: página 2 de 7

Como se vende vinho português? Mostrando Portugal

O que temos para provar ainda não é vinho, mas para lá caminha. O líquido servido nos copos para os convidados, e que tem o aspecto de uma limonada, é o que resulta da fermentação de uvas da casta Fernão Pires. “Como vêem”, prossegue Martta, “é aromaticamente muito exuberante, com citrinos, banana e um pouco de gás que vem do dióxido de carbono libertado pelas leveduras na fermentação”. Há quem aprecie a experiência e quem se arrepie com o vinho tomado assim, mas a ideia é mostrar a casta que compõe (em 80%, juntamente com 20% de Moscatel-graúdo) o Casual branco (o tinto é feito com Touriga Nacional, Castelão e Trincadeira).

Vamos prová-los ao jantar que vai acontecer numa das salas do Palácio da Alorna, ao lado do Tejo. A casa continua a ser usada pela família Lopo de Carvalho, que é actualmente proprietária desta quinta fundada em 1725 e que recebeu o nome de D. Pedro de Almeida, o I Marquês de Alorna. Foi aqui que viveu Leonor de Almeida Lorena e Lencastre, a Marquesa de Alorna, poetisa, também conhecida como Alcipe, que aqui chegou depois de ser libertada do convento de Chelas, onde passou 18 anos por ordem do Marquês de Pombal na sequência do processo contra a família dos Távoras.

Já não se realizam aqui os célebres saraus literários da marquesa, mas houve um jantar com a sopa da pedra tradicional de Almeirim, arroz de pato e um delicioso leite-creme queimado. Até que chegou a hora de partir para Coimbra.

De Coimbra ao Porto

Ir a Coimbra e não visitar a Biblioteca Joanina da Universidade era impensável, por isso às 10h da manhã começamos a visita guiada percorrendo a biblioteca mandada construir por D. João V e que abriga uma útil colónia de morcegos que à noite comem os insectos, impedindo-os de devorar os livros. Passagem pela prisão académica (sempre um momento alto com conversas sobre os eventuais crimes praticados pelos estudantes) e pela Sala dos Capelos.

Mas há mais vinho à espera, desta vez na Bairrada. “Estamos na Bairrada, temos que provar Baga”, anuncia Casimiro Gomes, referindo-se à casta emblemática da região onde nasceu e onde a sua família faz vinhos há mais de 300 anos. “Fazemos espumante desta casta porque tem uma acidez fantástica.” Trata-se do Regateiro Espumante Bruto DOC, que deve o nome ao avô de Casimiro, Manuel Gomes Regateiro, proprietário também de fornos para produção de telhas — hoje, num desses locais, cresce a Vinha do Forno, de onde sai o Regateiro Vinha do Forno DOC

O almoço é — não podia deixar de ser — leitão à Bairrada. E o restaurante escolhido, o Vidal, é outro negócio de família, que fica em Aguada de Cima, a terra natal de Casimiro. Aqui o leitão (macio e de pele crocante, servido com batatas fritas, embora a tradição diga que deve ser com batatas cozidas) é, claro, acompanhado por espumante.

Reconfortados, os convidados seguem para o Porto, para uma prova (e uma lição) sobre vinho do Porto nas caves Andresen, fundadas em 1845. Carlos Flores está à frente da Andresen naquele que é outro projecto de família — e de paixão. É entre as velhas barricas que ouvimos conselhos (“bebam o Porto sempre fresco, é totalmente diferente”), explicações (“o açúcar residual do Porto é muito elevado, daí a importância da acidez, está tudo nesse equilíbrio”) e muitas histórias.

--%>