"Não funciona como bar-discoteca, há é programação musical", vai explicando António Pires. Não é bar-como-os-outros mas, lá está, haja espectáculo, festa ou motivo cultural, e o bar de apoio do TdB vai muito além do habitual de um teatro: é que está armado e pronto a funcionar também como personagem central, delineado a luz vermelha e traçando-se no negro global e escuro industrial que pinta toda a sala, localizada no coração do Bairro Alto alfacinha.
"O bar costuma estar aberto após as sessões normais" e "funciona bem, está cheio de gente quando há uma programação nocturna de música"; "todos os teatros têm bares de apoio, às vezes não são é sítios onde as pessoas possam ficar, onde se possam fazer festas". Já este é outra cena: "Como fizemos um teatro dentro do Bairro Alto, é uma versão bairro-alta do tradicional bar de apoio", ri-se Pires. "As pessoas podem ficar, tomar um copo e, quando há programação nocturna, fica muito com esse carácter, mas nunca tivemos uma situação de discoteca sem ser com mote cultural".
Desde finais de Março, o novíssimo teatro tem vindo a tornar-se meca para pequenas e grandes multidões que se tornam, elas próprias, actores destas novas noites, passeando-se entre os timbres e tons desta plataforma de múltipla personalidade artística que, em crescendo, se vai experimentando, não só teatralmente mas como palco global de soluções culturais para noctívagos do sempiterno bairro-coração da movida lisboeta.
Outrora paróquia de jornalistas e artistas, o BA tem andado cada vez menos artístico e pouco mais que etílico. Mas há excepções que juntam os copos e as manifestações cult: sublinhe-se a persistência vanguardista da Zé dos Bois, as intervenções do Purex (em Maio, com mais um festival Add Wood) ou outros eventos dispersos (até sessões de poesia no Frágil), sem esquecer as noites de fado, DJ sets ou mesmo performances aqui e ali. Agora, sala de espectáculos que abarque em si, também, todo o espírito do bairro, só mesmo esta nova catedral, com a sua programação regular, residências, acolhimentos e parcerias, que podem ir ainda da Gulbenkian ao Teatro São Luiz ou ao colectivo Quinta Pata (que passará a mostrar as suas experiências às quintas-feiras). Para um bairro de milhões de actores, milhões de copos, milhões de danças, um teatro possuído pelo espírito local, história e herança.
- Nome
- Teatro do Bairro - Isto não é um bar
- Local
- Lisboa, Encarnação, Rua Luz Soriano, n.º 63
- Telefone
- 213473358
- Horarios
- e das 00:00 às 00:00
- Website
- http://www.teatrodobairro.org