Fugas - restaurantes e bares

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A pastelaria do «melhor pastel de nata de Lisboa»

Mas se o mundo agora parece girar à volta da nata, há mais mundo na Aloma. Além de um afamado bolo-rei, a montra inclui outras estrelas com muitos fãs, casos do Parisiense, do Paris-Brest, ou da bola de Berlim (que já conquistou elogios profissionais e até já houve quem apelasse às melhores das suas recordações para dizer que "faz lembrar as bolas de Berlim da praia"). A lista de delícias prossegue (incluindo merendinhas, rissóis e demais salgados) mas refira-se que, além de uma velha máquina de café servir de decoração, pode aqui beber-se um já muito raro café de saco.

São heranças de quase sete décadas de história, num espaço que continua ligado às famílias fundadoras. E ao cinema... A Aloma abriu portas na véspera do Natal de 1943 para oferecer aos lisboetas "pastelaria fina e requintada". E o seu nome está alicerçado tanto na história de Campo de Ourique como na de Hollywood. O filme é assim: do outro lado da rua, ficava o já perdido Cinema Europa, onde, a certa altura, no início da década de 1940, se exibiu "Aloma of the South Seas", uma aventura romântica em que uma diva da altura, Dorothy Lamour, encarnava, precisamente, a bela e doce Aloma do título. Do filme, já poucos, decerto, se lembram. Mas a Aloma aí está, agora como heroína de Campo de Ourique.

Castanheira só está presente na história da pastelaria desde 2009, como sócio e gerente, mas, como isto anda tudo ligado, até lhe corre no sangue esta arte, embora o seu ramo fosse outro (dedicava-se a vendas a farmácias). Muitos anos antes, o seu bisavô trocou o Norte por Lisboa e montou na capital uma grande rede de padarias. O negócio ainda passou para o avô e depois para o pai mas, entretanto, a família mudou de ramo. Pura coincidência: um pasteleiro que agora trabalha na Aloma chegou a trabalhar precisamente com o seu avô.

E assim a história prosegue no espaço físico da pastelaria. Castanheira recorda uma foto do dia da inauguração da Aloma, a 24 de Dezembro de 1943 (uma imagem que está em grande destaque num dos volumes da colecção Lisboa Desaparecida, de Marina Tavares Dias). "Quem entrar hoje nesta pastelaria e olhar para essa foto, vai ver o mesmo chão, os mesmos móveis, tudo aquilo que se conseguiu manter, a máquina de café nos mesmo sítio, os mesmos gavetos". Há mudanças, claro, modernidade oblige, mas "tudo o que é permitido, está mantido e preservado". Como se entrássemos e viajássemos 40 ou 50 anos para trás. "E nós queremos manter esse espírito, esse glamour".  

Porém, embora com os olhos no passado, a pastelaria está já bem avançada no presente. Tome-se como exemplo que, além da presença na net e nas redes sociais (Facebook), assim que o prémio foi confirmado, entrou logo na rede um site especial baptizado omelhorpasteldenatadelisboa.com - onde se pode mesmo fazer encomendas.

O negócio, vai-nos dizendo Castanheira, é feito de "altos e baixos". "Agora estamos num momento alto e vamos tentar mantê-lo o mais tempo possível". Mas, garante, "não é por causa de um prémio que vamos baixar a nossa qualidade ou industrializar o que quer que seja".

Nome
Pastelaria Aloma
Local
Lisboa, Santo Condestável, Rua Francisco Metrass, 67
Telefone
213963797
Horarios
Segunda a Sábado das 08:00 às 19:00
Domingo das 08:00 às 14:00
Website
http://www.omelhorpasteldenatadelisboa.com
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