Fugas - restaurantes e bares

A pastelaria do «melhor pastel de nata de Lisboa»

Por Luís J. Santos (texto), Ricardo Rezende (vídeo) ,

Com sete décadas de história em Campo de Ourique, a Aloma, casa de estimação do bairro, voltou à ribalta com a conquista do prémio para "Melhor Pastel de Nata de Lisboa"
"Venho ver os pastéis", diz uma cliente com ar de conhecer há muitos anos os cantos à septuagenária casa. Vem ela - no caso talvez para comprovar se continuam iguais -, vimos nós e vem grande parte da clientela que não pára de encher esta pastelaria, com pouco mais de 30m2, em Campo de Ourique, distinguida por ter o "Melhor Pastel de Nata" (em 2012 e em 2013).

A vitória no concurso promovido pelo festival gastronómico Peixe em Lisboa fez-se logo sentir: nos dias seguintes ao anúncio do prémio faziam-se filas pela rua para comprar o acepipe, que chegou a esgotar, deixando muitos de água na boca. "É a febre do pastel de nata!", resume João Castanheira, gerente da Aloma, ele próprio a sentir essa febre mas nas mãos. Pouco antes da nossa conversa, foi-se "meter onde não era chamado" e ao tentar ajudar a tirar uma fornada de pastéis, um derramou-se, ainda a bem ferver, e queimou-lhe os dedos. Neste momento, Castanheira é, literalmente, o homem com o pastel de nata a arder-lhe nas mãos.

Sentados a uma das mesinhas da pastelaria - uma das mais antigas da cidade e que mantém mobiliário e peças desde quase o seu início -, enquanto ao balcão os empregados não têm mãos a medir com os pedidos de pastéis e caixinhas de meia dúzia deles ("faço dois furinhos na caixa que ainda estão muito quentes"), tentamos descobrir o segredo deste pastel maneirinho e de bom ar, massa estaladiça, aroma sedutor, creme suave e sabor apurado (afinal, os critérios que convenceram o júri do festival).

"Usamos os melhores ingredientes que existem", diz-nos o gerente. "Não é um segredo só, específico". "É um toquezinho especial e os melhores produtos e profissionais". E o tempo certo. "São processos artesanais, não podemos apressar o pastel, o pastel não anda a correr, anda devagar...", diz-nos. É que "as massas têm que repousar, a nata tem que resfriar...". "No dia em que não conseguimos fazer mais pastéis, paramos e explicamos. Quando atingimos o nosso limite não passamos para a parte de fazer com menos qualidade. Temos uma aposta completamente séria para não baixar a qualidade". Mas, ainda assim, vai dizendo que o segredo é também "um truquezinho que existe ali dentro" e que "não vem cá para fora".

Ali dentro, entre máquinas, massas e fornos, é o reino de José Paulo Santos, há cerca de sete anos na Aloma e com mais de duas décadas de experiência em pastelaria. Na zona de fábrica, logo atrás da área pública, o chefe-pasteleiro, enquanto prepara os moldes para mais uma fornada, revela o seu orgulho no prémio e adianta apenas que o "segredo é ser bem feito". E depende também do humor do pasteleiro, brinca. Mas, na verdade, até nem é o pastel de nata que lhe dá mais gosto fazer. É o palmier. "Quando comecei era o que achava mais piada, porque é o folhado metido no açúcar". Eram outros tempos. "Antes era tudo à mão", fazia músculo, "antigamente, era durinho trabalhar nisto, agora com as máquinas custa menos". Se bem que o sono sofre sempre: há que começar por volta das cinco da manhã, agora com tanta procura, até por volta das três...

Nome
Pastelaria Aloma
Local
Lisboa, Santo Condestável, Rua Francisco Metrass, 67
Telefone
213963797
Horarios
Segunda a Sábado das 08:00 às 19:00
Domingo das 08:00 às 14:00
Website
http://www.omelhorpasteldenatadelisboa.com
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