Esta descoberta conflui quase sempre para o largo do Chafariz de Dentro, porta de entrada do histórico bairro de Alfama, onde desde 1998 está instalado o Museu do Fado. Após algumas obras de ampliação e requalificação do espaço, o museu ganhou uma nova dinâmica nos últimos anos. Foi um dos impulsionadores da candidatura a património da humanidade e viu o número de visitantes aumentar para algumas dezenas de milhar.
Nos serviços de apoio na área da restauração também houve mudanças há alguns meses, com a concessão a estar agora a cargo dos proprietários do restaurante A Travessa, localizado no coração da Madragoa. Apesar de estar mais ou menos dissimulado dentro do Convento das Bernardas, onde divide o espaço com o Museu da Marioneta, A Travessa transformou-se ao longo dos anos num dos locais mais frequentados da capital, com uma clientela fiel conquistada dentro e fora de portas. Agora os responsáveis tentam amplificar o sucesso granjeado pela primeira casa, também noutro bairro típico e igualmente paredes-meias com um museu. A Travessa do Fado é o resultado da pequena travessia de cerca de três quilómetros que António Moita e Viviane Durieu fizeram para ligarem a Madragoa a Alfama com o profissionalismo que lhes é característico e uma proposta de cozinha um pouco diferente mas igualmente simples e segura.
A aposta aqui é centrada nos petiscos com diversas sugestões diárias que se vão revezando nas ardósias - tão na moda por estes tempos que já começam a ser cansativas - afixadas em vários pontos do restaurante. A esplanada é agradável, mobilada com robustas mesas de granito, e mesmo não tendo uma vista por aí além permite fazer uma refeição tranquila ou picar qualquer coisa num fim de tarde soalheiro sem ser necessário esperar por dias mais quentes.
Dentro do edifício ficam mais algumas mesas que aproveitam o melhor possível, embora de forma acanhada, a zona envolvente ao pátio exterior. Ao cimo da escadaria, umas vistosas poltronas de entalhe dourado dão um tom mais acolhedor ao ambiente frio que o espaço transmite. Sente-se que houve necessidade de atenuar essa característica ao pontuar a decoração com peças revivalistas como uma cadeira de barbeiro no esconso da escada ou um busto afrancesado no balcão da sala principal.
No piso superior, a omnipresença do vidro permite ter uma visão ampla sobre o Largo do Chafariz de Dentro, uma espécie de átrio de acesso ao labirinto de recantos fadistas que se podem encontrar a dois passos do museu. A parede menos envidraçada tem um longilíneo quadro negro onde estão gizadas as propostas do dia. Duas sopas, saladas de polvo, de grão com bacalhau, de pimentos ou de tomate verde são algumas hipóteses na parte mais petisqueira da ementa. Também se pode ir pelas tiras de choco, os pimentos padrón, uma açorda simples ou o camarão al ajillo. Mais substanciais são as sugestões de favinhas com enchidos, polvinho com azeite e alho, bochechas de bacalhau fritas ou uma caldeirada de bacalhau feita ao momento.
- Nome
- Travessa do Fado
- Local
- Lisboa, São Miguel, Largo do Chafariz de Dentro, 1 - Museu do Fado
- Telefone
- 218870144
- Horarios
- Quarta a Domingo das 12:30 às 23:00
- Cozinha
- Trad. Portuguesa