Diga-se desde já que chamar-lhe Casa de Pasto é baptismo eufemístico para este restaurante de conceito bem imaginado, ambicioso e eficaz a colocar-se entre as moradas mais populares do momento em Lisboa. Quem se basear só no nome vai ter a “surpresa” de descobrir meio escondido num primeiro andar um local com preços bem acima de abordáveis e um ambiente nada simplório, em contraste com o que a designação poderia indicar. Está desde Dezembro a trazer renovadas forças à área do Corpo Santo, ironicamente em artérias onde durante décadas a carne fraquejou. Fica na porta 20 da Rua de São Paulo, junto ao arco formado pela sobranceira Rua do Alecrim.
Em boa hora esta zona do Cais do Sodré viu a má fama de outros tempos ser engolida pela ascensão do turismo cool. Aqui e noutras partes de Lisboa, o kitsch virou negócio rentável, com a profusão de nouvelles tascas, tabernas ou adegas a terem o objectivo de entreter e facturar bem à frente do prazer de comer. Policopiam-se entre si num estilo retrochique ad nauseum para terem o álibi que lhes justifique depositar pratos directamente sobre o tampo de mesas bambas, servir bebidas em frascos de compota (!) e fazer aguentar os clientes sentados num banquinho de pau ou em cadeiras desconfortáveis — mas sob a promessa implícita de se estar a ser um urbano cool. Tudo bem comportado e a curtir a “onda”, pois nestes spots só os preços é que são bárbaros.
Por outro lado, é bom saber que, apesar de não serem muitos, também há locais que nivelam por outra bitola, como esta Casa de Pasto, que oferece uma lista grande e rica em opções. A ementa mistura bem alguns pratos que apelam à tradição com outros onde se sente um toque mais personalizado trazido pelo chef consultor Diogo Noronha, vindo do recém-desaparecido restaurante Pedro e o Lobo. Para não sermos exaustivos, destaquem-se alguns exemplos nas várias categorias em que o menu se divide.
Nos “Acepipes”: croquete de camarão; pastel de bacalhau; empada de pato. “Pitéus e iguarias”: salada russa e ovas fritas; conchas na brasa, ervas e azedas; torrada de polvo com tomate e alho assado; pezinhos de porco em escabeche. “Peixes”: filetes de peixe-espada preto assado, salsa verde e salsa frita; veja [peixe] dos Açores, favas, espinafres e pancetta ibérica; jaquinzinhos marinados e fritos. “Carnes”: jarrete de vitela meloso, cantarelos [cogumelos] em pickles e ervilhas (2 pessoas); bochechas de porco preto, feijão verde, cebola nova e citrinos. Do “Braseiro”: costeletão de vitela maronesa; franguinhos. Guarnições: legumes de Primavera na brasa; cebolas pérola “glaceadas”; tupinambor [tubérculo] gratinado; arroz de ervilhas. Isto é apenas parte da lista!
Ainda antes das escolhas que haveriam de compor o estômago, já a decoração nos enchia os olhos com a panóplia de peças em loiça de cariz popular, distribuídas pelas paredes e prateleiras da sala principal. Duas salinhas com diversos tipos de mesa (algumas muito pequenas), papel de parede florido e umas engenhosas telas esticadas no tecto a simularem estuque decorativo, mas também a distribuírem a luz de forma indirecta. Um minicorredor para fumadores onde há uma “minifila” de três cadeiras de um antigo cinema, ou um dos empregados a estampar os menus in situ numa velha prensa de tinta a valer de imediato a foto da praxe para “postar”, são “detalhes” com a minúcia de fazerem da visita uma experiência para recordar.
- Nome
- Casa de Pasto
- Local
- Lisboa, São Paulo, Rua de São Paulo, 20 - 1º
- Telefone
- 963739979
- Horarios
- Segunda a Sábado das 12:30 às 15:00 e das 19:00 às 23:00
- Website
- http://www.casadepasto.com/
- Preço
- 30€
- Cozinha
- Portuguesa
- Observações
- Com zona de estar para fumadores.