“Olha ali uma lebre! Incrível!”, exclama Pedro Pena Bastos. Estamos sentados a uma das mesas do restaurante da Herdade do Esporão, perto de Reguengos de Monsaraz, no Alentejo, a conversar depois do almoço. De repente, do meio da vinha, salta a lebre. Nem de propósito. O chef, que chegou ao Esporão há cerca de dois anos, mas que só arrancou “a sério” no final do Verão passado, tem estado a falar da filosofia base da cozinha, que é o de trabalho com a natureza. E natureza não falta aqui.
Apesar disso, Pedro, que nasceu no Porto, confessa que inicialmente o Alentejo não era a região que mais o entusiasmava. “Achava-a muito pálida e árida”. Mas tinha algumas certezas. Sabia que não estava ali para reinventar a cozinha alentejana. “Não desconstruímos pratos, não é nada disso que estou à procura.” Tal como sabia que não ia trabalhar com “vieiras ou salmão” ou outros ingredientes que não tivessem nada a ver com o que o rodeava. Trabalharia com o que a natureza lhe desse.
E, ao fim de quase um ano “a sério”, o resultado é muito interessante. A cozinha de Pedro Pena Bastos tem identidade, personalidade, garra e uma confiança que surpreende num chef que tem apenas 25 anos.
O seu percurso, como se imagina pela idade, conta-se rapidamente: curso de Produção Alimentar na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, passagem por vários restaurantes, entre os quais o Belcanto (hoje com duas estrelas Michelin) e o Feitoria (uma estrela), ambos em Lisboa, e The Ledbury, em Londres (duas estrelas e 20.º lugar nos 50 Melhores Restaurantes do Mundo). Mas, conta, precisava de se sustentar e decidiu, juntamente com a mulher, Teresa Chaves, criar o projecto Revolta do Palato.
“Foi um grande desafio. Fazíamos eventos privados a algumas consultorias em espaços de restauração”, explica. “E isso fez-me crescer imenso na parte logística e na de criação. Chegámos a fazer mais de seis eventos por mês e estávamos impecáveis.” Não foi preciso muito para se tornarem notados e rapidamente surgiu o convite, vindo de José Bento dos Santos, para pegarem no restaurante do Grémio Literário, em Lisboa, e tentarem, nas palavras de Pedro, “dar um toque mais perfumado àquele ar pesado de um clube privado no Chiado”.
Ganharam ainda mais experiência e foi assim que há dois anos foram convidados para vir para o Esporão, que tem apostado forte no desenvolvimento do enoturismo na herdade e que, para além de toda a experiência em torno do espaço e dos vinhos, quer, cada vez mais, ter uma oferta gastronómica de alto nível.
Pratos que dizem tanto
E chegamos, então, a esse momento em que Pedro e Teresa (que se ocupa de toda a parte logística, produtores, fornecedores, etc.) aterram no Alentejo, de armas de bagagens. “Mudei-me para o Alentejo e assumi que era isto que queria ser”, conta. “E quando alguém tão novo decide que quer ser o melhor, der por onde der…”. Não termina a frase, porque quer deixar claro uma coisa: “… sempre sabendo respeitar os outros, porque gosto muito do trabalho dos outros. Mas a verdade é que estamos a curtir o facto de estarmos aqui, com as condições de trabalho que temos e de que me orgulho. Quero ser muito bem sucedido, porque adoro isto.”
- Nome
- Restaurante Herdade do Esporão
- Local
- Reguengos de Monsaraz, Reguengos de Monsaraz, Herdade do Esporão
- Telefone
- 266509280
- Horarios
- Todos os dias das 12:00 às 16:00
- Website
- http://www.esporao.com
- Cozinha
- Autor
- Espaço para fumadores
- Sim