Fugas - viagens

Nelson Garrido

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O regresso dos moinhos

 

Parque Molinológico de Ul, Oliveira de Azeméis: Como comer um pão especial

Quando se começa a descer o caminho que sai do largo da igreja de Ul, em direcção ao rio, é impossível não ver o primeiro núcleo de moinhos do Parque Temático Molinológico de Ul e Travanca, em Oliveira de Azeméis. Este conjunto de três moinhos, conhecidos como Moinhos da Igreja, encaixa-se numa curva do rio, numa paisagem bucólica, que chama os visitantes até aos edifícios brancos, aninhados ao lado de um parque de merendas. O núcleo Museológico do Moinho e do Pão integra-se num projecto-piloto desenvolvido pela Câmara de Oliveira de Azeméis, desde o ano 2000, e que promete não parar por aqui.

O conselho para visitar os moinhos de Ul tem que incluir tempo para relaxar, levar uma merenda e, mesmo correndo o risco de encontrar o local cheio de gente, apostar numa visita ao domingo à tarde. Isto porque é neste dia que as padeiras de Ul invadem um dos espaços do núcleo de moinhos mais próximos da igreja, fabricando o tradicional pão da freguesia, que atrai compradores de várias regiões. São as padas e o pão de canela a sair do forno e as mãos a esticarem-se para o comprar e consumir, antes que arrefeça. Sandra Santos, responsável pelo projecto de recuperação dos moinhos diz que há a expectativa de alargar o tempo da feitura e venda do pão, nos moinhos, ao sábado à tarde, já a partir de Abril. O melhor é estar atento e ir espreitando o site www.moinhosdezemeis.com.

Dos três moinhos da igreja, que integram o Núcleo Museológico do Moinho e do Pão, um ainda funciona. Tem seis mós, das quais apenas uma gira e tritura o cereal, sempre que alguém põe a funcionar o rodízio horizontal, agitado pelas águas desviadas do rio Ul, ali ao lado. Um segundo edifício foi transformado em espaço museológico, e está recheado de artefactos utilizados pelos moleiros e carregadores da região. O terceiro funciona como auditório.

O conjunto destes três moinhos não esgota, contudo, o parque molinológico. Ao longo do rio, num percurso que os visitantes podem fazer a pé, ou de carro (a partir da localidade de Adães), existem três outros núcleos, um deles já em Travanca. Do total de onze moinhos, sete são propriedade municipal e quatro são privados. Sandra Santos garante que todos são visitáveis, até os privados, desde que se faça marcação prévia. Numa área rica em arroz (já ouviu falar nas marcas Saludães e Caçarola?), alguns destes moinhos são utilizados para o descasque do arroz, e moagem da casca, utilizada no fabrico de rações de animais.

Mesmo ao lado dos Moinhos da Igreja, do outro lado da ponte que é preciso cruzar para chegar a este núcleo, existem dois outros moinhos, conhecidos como do Souto, que se dedicam ao descasque do arroz. Estas duas estruturas não integraram a candidatura inicial aos fundos comunitários, que permitiu a reabilitação dos restantes, pelo que não estão ainda recuperadas. Os moinhos do Souto foram, entretanto, alvo de uma candidatura própria - mal surja a resposta positiva, começará a transformação. O objectivo é torná-los em oficinas do pão.

Sandra Santos avisa que o parque está encerrado às segundas-feiras e feriados, e que as visitas de grupo são permitidas, mediante marcação, às terças e quintas-feiras. Para as visitas livres, apareça quando quiser. [Patrícia Carvalho]

Visitas: Parque Molinológico de Ul | Ponte da Igreja |  720-604 Ul Oaz | Tel.: 256.664043 ou 256 683170 | www.moinhosdeazemeis.com

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