Fugas - viagens

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Istambul, um rali fotográfico

Por Ana Cristina Pereira

Orhan Pamuk, o romancista enquanto criança, via a cidade com a "cor do chumbo, semiobscura, no estilo das fotografias a preto e branco". Foi assim que se viveu o "hüzün", a melancolia da cidade-fronteira sob o prisma de uma excursão fotográfica.

Palavra-chave: hüzün. Manuela Matos Monteiro lera-a no livro Istambul - Memórias de uma cidade, comovente obra do escritor turco Orhan Pamuk. Andara com o marido, João Lafuente, em busca dessa melancolia, dessa "tristesse". Agora, desafiava amantes de fotografia a fazer o exercício. 

Mandara uma série de mensagens preparatórias - sobre literatura, música, gastronomia, sei lá. Numa delas recomendara a leitura daquele livro que é tanto uma viagem por Pamuk como pela cidade onde ele se fez gente. E quem lhe obedecera sabia que não é da melancolia individual que fala o Nobel da Literatura 2006, mas da melancolia que se abateu sobre uma cidade inteira.

hüzün é assumido com orgulho. Brota daquela mistura de glória e decadência que encorpa a cidade. Quando compreendido, escreveu Pamuk, tal sentimento "adquire uma nitidez perceptível na paisagem e nas pessoas, um pouco à semelhança da névoa que, nas manhãs frias de Inverno, quando o sol de repente aparece, começa a girar subtilmente por cima das águas do Bósforo".

Aterrei num sábado gelado de Fevereiro. Uma parte do grupo que se alistara na experiência fotográfica saiu do mesmo avião; a outra chegaria algumas horas mais tarde. Enquanto esperávamos, numa esquina do Aeroporto Internacional Atatürk, a 25 quilómetros do centro da cidade, atirei-me ao livro, como um estudante que não fez o trabalho de casa e aproveita um furo para se redimir.

Sonhara com Istambul. Quem nunca sonhou? Havia um ano sonhara com Istambul embalada por uma exposição cruzada: Manuela e  João fotografaram Istambul e o turco Mühenna Kahveci fotografou Lisboa. Vítor Costa, da Fotoadrenalina, ainda nem a desafiara a organizar esta incursão pela cidade situada em dois continentes - a Europa e a Ásia. De repente, ali estávamos os três, desta vez com três médicos, dois professores, dois engenheiros, um geógrafo, e sabia lá eu ainda mais quem.

Manuela estivera ali pela primeira vez havia 15 anos. Redescobrira a cidade com aquele livro. "Para mim, a leitura desse livro foi muito importante. Li esse livro e regressei a Istambul e apanhei uma cidade muito diferente. A cidade mudou muito. Acho que o facto de ter sido Capital Europeia da Cultura em 2010 ajudou muito a conservá-la e a promover iniciativas culturais que continuam hoje."

O deslumbramento

Ficámos no The Obelisk, uma casa do século XIX convertida num hotel, mesmo no ponto nevrálgico de Sultanahmet, no centro histórico. Não costumo acordar muito cedo, mas quando o sol se levantou já estava à espera dele. Fiquei a vê-lo escalar, devagarinho; a luz a reflectir no Corno Dourado, braço fluvial que corta ao meio a parte europeia da cidade, como se fosse um postal ilustrado.

Na outra direcção estava a Mesquita Azul, assim conhecida pelos tons azulados do seu interior. Dali podia ver cinco dos seus seis minaretes. Nenhuma das outras mais de 2500 mesquitas de Istambul tem tantos. Nenhuma é tão grandiosa. Está ali desde 1616, a poucos passos de Hagia Sophia, que já foi uma igreja ortodoxa, um centro de cristandade oriental, uma mesquita, e agora é um museu.

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