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    Otava Nuno Ferreira Santos
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    Otava, Chama do Centenário, foi acesa em 1967 para comemorar o 100º aniversario da Confederação do Canada. Nuno Ferreira Santos
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    Otava, Mercado ByWard, o mais antigo mercado do Canada Nuno Ferreira Santos
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  • O arquipélago das mil ilhas na regiã de Kingston no rio São Lourenço
    O arquipélago das mil ilhas na regiã de Kingston no rio São Lourenço Nuno Ferreira Santos
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Canada, I love you. Canada, je t’aime

Por Patrícia Carvalho

Deixaram-nos espreitar só um cantinho do imenso Canadá e ficámos encantados. Cidades simpáticas e com escala humana, mesmo quando estão cobertas de arranha-céus, um ambiente descontraído e ruas onde verdadeiramente se celebra o Verão. E no Inverno deve ser lindo. E no Outono. E na Primavera. Podemos voltar?

Dizem-nos que aquela massa enorme de água é um rio e ficamos a olhar. Um rio assim, sem margens visíveis do outro lado, um oceano — para nós é um oceano. Um oceano onde as baleias vão comer, onde o vento nos gela e as águas se agitam em ondas pequenas e nervosas. Mas é só um rio, garantem-nos. E espreitamos o mapa e temos que acreditar que sim. Afinal, é só um rio. E isto é o Canadá. Um país suficientemente grande para que os rios pareçam mares. Para o Luc brincar e apontar outra massa de água que se vê da janela do autocarro e perguntar: “Que oceano é este? O Atlântico ou o Pacífico?”. E ficamos calados, porque agora estamos bem no interior do país, ali às portas de Toronto, e sabemos que não pode estar ali um oceano, mas há quem arrisque um nome e o Luc, o nosso guia, ri-se, satisfeito. “É o lago Ontário, não é o oceano!”. Estamos no Canadá, onde até os lagos podem ser confundidos com mares. Deixem-nos cá ficar só mais um bocadinho.

É o segundo maior país do mundo, logo a seguir à Rússia, e isso nota-se. Alguém nos tinha dito antes de partirmos que “no Canadá tudo é grande” e só podemos dizer que sim, é verdade. Mas ali grande não significa impessoal, frio ou distante. De Montreal à bela cidade do Quebeque, passando pela capital Otava ou pela desenvolvida Toronto, deparamo-nos sempre com cidades onde nos imaginamos a viver. Com jardins e parques bem tratados, onde é tão provável encontrar esquilos a saltitar como um guaxinim a espreitar à noite. Cidades com tantos quilómetros de ciclovias que nos sentimos corar de vergonha com aquilo a que, por cá, vamos dando o mesmo nome. Locais onde há — literalmente — pessoas de todas as cores, mas onde, pelo menos à superfície, não se sentem tensões, e onde, se fazemos uma festa a um cão, podemos receber de volta um sorriso e um agradecimento: “Obrigada por ter parado para cumprimentar o meu cão.”

Outras coisas que vos podem acontecer no Canadá: estar em Otava, a apreciar o Canal Rideau e as suas eclusas — uma maravilha da engenharia, com 202 quilómetros, construído em 1832 e classificado como Património da Humanidade pela UNESCO em 2007 — e ficarem a ver, distraídos, o passeio de uma pata com seis patinhos a segui-la. Até que percebem que alguma coisa não está bem, porque afinal aquilo não é bem um passeio, as eclusas estão fechadas e a pata está aflita porque não consegue tirar os filhos da secção em que ficaram presos. Depois compreendem que há mais pessoas que já se aperceberam que aquela família está com problemas, e não falta quem deite mãos à obra para tentar resolver o problema. O que também vos pode acontecer é sairem dali, desconsolados, porque nada se resolveu. Regressam mais tarde, quando o sol já se pôs, só para verificar se os pobres dos patos ainda estão presos e descobrem que alguém conseguiu colocar um tronco a fazer de rampa até ao topo das portas da eclusa, preso com uma corda, e que toda a família descobriu a forma de trepar por ali acima e está agora a dormir, sossegada, até que seja dia e possa seguir caminho, sem mais pressões. 

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