Desporto, cultura e ócio
A crise está aí, mas o lema de Aramón é Não te aborreças. Diverte-te, portanto. A aposta é grande na diversão, porque a diversão não é só na praia e a neve não é só desporto - e mesmo no desporto, há desportos e desportos. E com o sol aragonês o manto branco dos Pirenéus é irresistível, até para quem pensa que o melhor da neve e do frio é mesmo uma lareira a crepitar e um chocolate quente - nada que se renegue, mas nunca sabe tão bem como depois de viver intensamente um dia típico numa estância de esqui, animação constante e descoberta dos prazeres do Inverno: desporto, cultura e ócio.
Estivemos em Cerler e, pelo que ouvimos, estamos a conhecer o "antes". Porque haverá um "depois", em breve: o "depois" da ampliação (que colocará as suas pistas - actualmente 65, com 76 quilómetros de extensão - entre as maiores de Espanha), o "depois" de Norman Foster - o arquitecto inglês vencedor do Pritzker vai encarregar-se de projectar os três edifícios principais da "nova" Cerler (que terá, inclusive, uma nova porta para mais facilmente "chegar" ao mercado da Catalunha e de Valência), a sinalização e o design gráfico: "Nunca antes houve um arquitecto de renome a trabalhar numa estação de esqui". O orgulho de Franscisco Bono é visível, como é a esperança: tirar Cerler da segunda divisão das estâncias espanholas e instalá-la entre as melhores. "É a remodelação mais competitiva [entre as que a Aramón prepara]".
No entanto, Cerler já mexe - e muito. Na grande novidade da temporada, por exemplo, que não experimentámos - o freestyle não é o nosso ponto forte e no maior snowpark de Espanha é ele quem mais ordena. São 2,5 quilómetros com rondas de saltos, módulos, pipes e pura adrenalina (para quem quer começar, o Easy Park é o espaço ideal). E sim, estivemos no Parrilla, mas não provámos as bruschettas, "as melhores", e no Remáscaro, mas não assistimos a um dos seus concertos semanais (abertos a quem se atrever) - na verdade, a música esteve omnipresente em qualquer espaço de cafetaria e restauração por que passámos, mas os DJ e festas temáticas passaram-nos ao lado.
Na verdade, passou-nos muito ao lado, não por falta de vontade, mas por falta de tempo. Acabámos por não conduzir uma moto de neve (embora tenhamos conseguido "cravar" uma inesperada e longa boleia nocturna), nem fizemos caminhadas (com raquetas de neve). E à falta de tempo juntou-se a inexperiência. Os nove quilómetros esquiáveis por uma descida de mais de mil metros de desnível (a maior de Espanha) serão irresistíveis para muitos, mas nós ainda não ultrapassámos os 300 (?) metros com desnível de dez (?). Estão postos de parte, portanto, o snowspeed (descida cronometrada em que a aceleração é santo e senha), o border-cross (pista para velocidade e emoções à flor da pele), o safari 10.mil e o cronoslalom. Para a próxima tentaremos entrar na Skity Area, o espaço preferido dos mais pequenos - tem uma pista de slam e talvez já estejamos preparados para ela; além disso, tem tobogãs, e para eles não é necessário ir à escola.