Fugas - Viagens

Nelson Garrido

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Pirenéus aragoneses - Esquiar ao sol

Sim, as escolas de esqui são fulcrais em Cerler e no Formigal, mas quem lá está o que quer mesmo é poder voltar as costas aos professores e partir à aventura. No Formigal esta é (quase) inesgotável, daí o atrevimento publicitário: Relaxa, se conseguires. É possível, mas antes há muito para fazer na maior estância de Espanha. Heliesqui, por exemplo, e aqui é caso para dizer "atreve-te". Encontramos também um terrain park (actividades bastante radicais para esquiadores e snowboarders), pistas bordercross, slalom, de baches e motos de neve e raquetas. E há ainda pista de esqui de fundo; há ski bike (sim, saem os esquis e pranchas, entram as bicicletas) e ski ratrack (e voltamos aos esquis tout court).

Para uma experiência vintage, as descidas em trenó clássico de madeira (descidas nocturnas ao longo de dois quilómetros e meio de pistas iluminadas) cumprem a quota - se não, há os trenós puxados a cães, fáceis de manobrar, garantiram-nos. O relaxe, temo-lo nos imensos pontos de restauração que povoam as pistas, com lounges soalheiros e no já conhecido Marchica; para os miúdos, há parques infantis.

E ao longo da temporada não faltam eventos desportivos nas estâncias - provas oficiais (e não oficiais) - e eventos culturais, como festivais de música - terá sido pela proximidade linguística e cultural, mas não se cansaram de nos falar em Carlinhos Brown. Deu um concerto "memorável" nas neves aragonesas.

O futuro
À espera dos portugueses

Durante um "curto período", a Aramón fretou voos entre Portugal e Huesca, a província da Comunidade Autónoma de Aragão onde se situam Formigal e Cerler, servida por um aeroporto. "Teve pouco êxito", confessa Javier Andrés, director-geral do grupo Aramón. Mas nem por isso a Aramón deixou de "tentar captar esquiadores portugueses", tendo lançado uma "promoção específica nas agências portuguesas", que será para manter na próxima temporada, revelou Francisco Bono, o presidente do grupo.

Não que o público português seja significativo, representam "entre 3 e 5 por cento" dos visitantes. "Pouco", reconhece Bono. Tanto quanto os ingleses, um pouco menos do que os franceses - "as estações dos Pirenéus espanhóis são um pouco mais baratas do que as francesas e estas são mais pequenas do que o Formigal, por exemplo", por isso, o mercado francês apresenta-se como o que tem mais possibilidade de crescimento.

No entanto, neste contexto, o de captar público internacional (90 por cento é espanhol), "Portugal é atractivo e um mercado em crescimento", considera Javier Andrés. Apesar da concorrência da Serra Nevada e de Andorra. É que, pelas suas contas, os portugueses representam "um milhão de dias de esqui", os espanhóis "sete milhões".

"Portugal é mais parecido com Espanha" e a ideia do grupo Aramón é "oferecer esqui com complementos importantes", continua Andrés. Começa com as famílias, com "cada vez mais descontos para famílias numerosas", "jardins de neves e parques infantis para as crianças": "Para desfrutarem todos. O pai solitário e o filho também. E todos em conjunto". Passa pelas "instalações e pelo dinamismo" e pela "criação de eventos e emoções". A receita é a mesma para todos, a esperança é que os portugueses descubram Aragão. Em Cerler os portugueses são visitantes mais ou menos assíduos, vão sempre mais do que um dia e quase sempre em família.

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