Universal, Orlando
Pensávamos nós que só havia duas classificações possíveis: os que gostam de Harry Potter e os que não gostam de Harry Potter - ou nunca ouviram falar (conhecem alguém?) ou não querem saber e têm raiva de quem sabe. Achávamos que, por termos lido um livro, o primeiro, e por termos visto um filme, o primeiro também, encaixávamos no grupo dos fixes: dos que experimentaram Harry Potter só para saberem o que era e, com licença, voltaram aos autores clássicos ou ao Philip Roth. E julgávamos que, desta forma, escaparíamos incólumes e poderíamos entrar em Hogwarts com uma certa sobranceria até. Não sabemos ao certo o que aconteceu, foi feitiço ou o que é que nos deu?, mas a verdade, caríssimos muggles, é que a nossa vida nunca mais foi a mesma.
A manhã está luminosa e, apesar de não serem sequer 9h30, já percebemos que vai ser um dia de muito calor em Orlando. Passámos a noite no Loews Portofino Bay Hotel, um dos vários integrados no Parque da Universal, e assim que acordamos temos vista para uma Itália fabricada (sim, o hotel recria o ambiente mediterrânico da cidade italiana) e, se dúvidas houvesse, dissipam-se totalmente: estamos dentro de um mundo de fantasia.
Chegamos à entrada do parque num water taxi. São 10h10, a Universal ainda está a acordar mas as hordas de turistas já se fazem notar. Já se ouvem gritos nas montanhas-russas que desafiam a adrenalina dos mais corajosos, há música por todos os lados e uma série de bonecos que nos habituámos a ver na TV dão as boas-vindas a quem chega.
O Parque da Universal é um dois-em-um: Islands of Adventure e Universal Studios. A esta hora, parece que todos os caminhos vão dar ao primeiro - é lá que mora a mais recente estrela da companhia Universal, Harry Potter em pessoa. E nós, que não queremos dar parte de fracos, vamos acompanhando a turba e ficamos com a sensação que os apelos que se vão espalhando pelo recinto para que se visitem os dois parques com o selo Universal caem em saco roto: quer-nos parecer que os estúdios são o parente pobre da família.
Cruzamos as portas de Hogsmeade, a cidadezinha dos livros de Harry Potter, por volta das 11h00 e não podemos deixar de abrir a boca: o parque abriu há tão pouco tempo e a lotação já está praticamente esgotada. Meninas e meninos, senhoras e senhores, eis The Wizarding World of Harry Potter. Dá ares de cidade austríaca, esta Hogsmeade. Os telhados têm neve em cima e este ambiente mágico, aliado à multidão nas ruas, faz lembrar os mercados de Natal. Há bancas de cerveja de manteiga (um clássico dos livros Harry Potter, mas sem álcool, pelo que as crianças podem experimentar à vontade), e lojas de toda a espécie, desde livrarias especializadas em feitiçaria até bancas de venda de flores e plantas exóticas, passando, claro, pela inevitável loja de varinhas, que deixam os miúdos à beira da loucura. Ponto de paragem obrigatória é também a estação de onde parte o Expresso de Hogwarts - ninguém resiste a estacar junto da locomotiva que sai da plataforma nove e três quartos para a fotografia da praxe.