Fugas - Viagens

  • A Boavista, ilha cabo-verdiana de afamadas praias, oferece mais de 50km de areais, ainda a permitir recantos íntimos. As águas quentes, a preservação da hospitalidade e o investimento turístico têm funcionado como chamarizes para cada vez mais turistas. Mas a ilha permanece um paraíso à parte. Uma visita fotográfica, repleta de boas vistas. Fotogaleria de Paulo Barata
    A Boavista, ilha cabo-verdiana de afamadas praias, oferece mais de 50km de areais, ainda a permitir recantos íntimos. As águas quentes, a preservação da hospitalidade e o investimento turístico têm funcionado como chamarizes para cada vez mais turistas. Mas a ilha permanece um paraíso à parte. Uma visita fotográfica, repleta de boas vistas. Fotogaleria de Paulo Barata
  • A Boavista, ilha cabo-verdiana de afamadas praias, oferece mais de 50km de areais, grande parte deles ainda isolados. As águas quentes, a preservação da hospitalidade e o investimento turístico têm funcionado como chamarizes para cada vez mais turistas. Mas a ilha permanece um paraíso à parte. Uma visita fotográfica, repleta de boas vistas.
    A Boavista, ilha cabo-verdiana de afamadas praias, oferece mais de 50km de areais, grande parte deles ainda isolados. As águas quentes, a preservação da hospitalidade e o investimento turístico têm funcionado como chamarizes para cada vez mais turistas. Mas a ilha permanece um paraíso à parte. Uma visita fotográfica, repleta de boas vistas.

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Em Cabo Verde há uma Boa Vista genuína

Regressar é preciso

À noitinha, seguimos de carro rumo à discoteca que funciona melhor às sextas-feiras. Chama-se Boa Vista Social Club. O DJ enverga uma camisola do Benfica e dá o litro na mesa de mistura. O espaço, junto à praia, vai-se enchendo devagar. O som é familiar. Isto podia ser em Lisboa, ou no Porto, ou no Algarve. Ouvem-se, no meio de outras coisas, bandas portuguesas. Mas o ambiente é bem diferente. O dono do espaço é actualmente um belga. No dia seguinte, cumprirá um ano na gestão do Boa Vista Social Club. A outra casa de animação nocturna funciona bem aos sábados, dizem-nos. É uma proposta sonora bem diferente, menos "europeia", mais ligada à música local, ao funaná, à batucada e às mornas e coladeras.

Pela noite dentro, acaba-se de gastar os últimos impulsos de energia e regressa-se ao hotel, onde nos espera um quarto moderno e espaçoso, com ar condicionado e todas as comodidades típicas de um hotel de luxo. Os responsáveis desta unidade pretendem subir de nível e estão por isso a trabalhar na melhoria de alguns serviços. Sentimos falta de Internet nos quartos - há wifi gratuito mas só na recepção - mas nenhuma página virtual pode substituir-se àquele lugar.

Ao segundo dia, chega o momento de regressar à mais movimentada ilha do Sal, onde estão à vista muitos erros urbanísticos cometidos provavelmente em nome do desenvolvimento turístico. Abundam as construções abandonadas a meio - Arlindo, motorista e guia, diz-nos que houve investidores que ficaram sem dinheiro por causa da crise. Em Santa Maria, na ilha do Sal, as casas típicas de um só piso térreo desaparecem na sombra de muitas casas com traça europeia, ao pior estilo. Será isto o futuro da Boa Vista? Só podemos desejar que não.

Para trás ficaram outros pontos de interesse da ilha da Boa Vista - o que acaba por inculcar a certeza de que temos de voltar ali. É preciso mais tempo para explorar os caminhos de terra batida e os outros, mais ou menos arranjados, que ainda descendem do tempo da colonização portuguesa, e que nos levam a sítios como a Praia de Viana ou o Cabo de Santa Maria, na parte norte da ilha. Neste último ponto, jaz o esqueleto parcialmente à mostra de um navio espanhol que se afundou ali na década de 1960. Há mais de 100 navios naufragados em redor da Boa Vista, um alerta para os visitantes de que não se devem deixar enganar com o ar manso e pacífico do oceano naquele quadrante. É preciso regressar à Boa Vista para seguir o trilho que atravessa o oásis de Santo Tirso, onde ainda é possível praticar alguma agricultura. E para tudo isso é preciso tempo, porque, apesar de a ilha ser pequena, os maus acessos tornam as viagens mais demoradas. Por mais que se demore, não se pode porém perder o espectáculo a que se assiste, todos os Verões, na praia do Ervatão, sudeste da ilha, escolhida pelas tartarugas marinhas Caretta Caretta, também chamadas tartarugas amarelas, para dar à luz a sua descendência. Entre os meses de Maio e Setembro, é preciso levantar cedo, ainda de noite, e rumar àquelas paragens para assistir a esta peregrinação costeira que também é muito exaltada pela pequena população local. O mesmo cenário repete-se naquela que se diz ser a praia mais bonita da Boa Vista, a de Santa Mónica, no sul, assim chamada por causa das suas semelhanças físicas com a praia homónima da Califórnia, na costa oeste dos Estados Unidos da América.

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