Fugas - Viagens

  • A Boavista, ilha cabo-verdiana de afamadas praias, oferece mais de 50km de areais, ainda a permitir recantos íntimos. As águas quentes, a preservação da hospitalidade e o investimento turístico têm funcionado como chamarizes para cada vez mais turistas. Mas a ilha permanece um paraíso à parte. Uma visita fotográfica, repleta de boas vistas. Fotogaleria de Paulo Barata
    A Boavista, ilha cabo-verdiana de afamadas praias, oferece mais de 50km de areais, ainda a permitir recantos íntimos. As águas quentes, a preservação da hospitalidade e o investimento turístico têm funcionado como chamarizes para cada vez mais turistas. Mas a ilha permanece um paraíso à parte. Uma visita fotográfica, repleta de boas vistas. Fotogaleria de Paulo Barata
  • A Boavista, ilha cabo-verdiana de afamadas praias, oferece mais de 50km de areais, grande parte deles ainda isolados. As águas quentes, a preservação da hospitalidade e o investimento turístico têm funcionado como chamarizes para cada vez mais turistas. Mas a ilha permanece um paraíso à parte. Uma visita fotográfica, repleta de boas vistas.
    A Boavista, ilha cabo-verdiana de afamadas praias, oferece mais de 50km de areais, grande parte deles ainda isolados. As águas quentes, a preservação da hospitalidade e o investimento turístico têm funcionado como chamarizes para cada vez mais turistas. Mas a ilha permanece um paraíso à parte. Uma visita fotográfica, repleta de boas vistas.

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Em Cabo Verde há uma Boa Vista genuína

Ao todo, Santa Mónica oferece 18 quilómetros de praia. Foi aqui que desembarcaram os primeiros portugueses que chegaram a esta ilha. É considerada zona protegida porque também aqui há tartarugas a cuidar da prole. Mais para ocidente, encontramos a Praia da Varandinha, conhecida pelo seu areal intacto, pela gruta, pelas suas características que atraem os praticantes de desportos náuticos como o surf e o windsurf ou o mergulho, que é uma actividade muito procurada devido ao anel de corais que envolve a Boa Vista e propicia uma fauna marinha muito variada. Não muito longe, seguindo para dentro da ilha, é possível encontrar uma aldeia abandonada, o Curral Velho, uma povoação que ficou sem gente porque Cabo Verde foi, é e continua a ser um país de emigrantes: actualmente, há mais cabo-verdianos a viverem fora do que no arquipélago. No Curral Velho ficaram casas e estruturas de apoio que testemunham as formas de vida em comunidade num passado já distante.

Esta debandada da população tem também o seu lado positivo. As remessas de emigrantes são muito importantes para a economia nacional e continuam a subir. Segundo o Banco de Cabo Verde, as remessas de emigrantes no segundo trimestre deste ano continuaram a subir, cerca de 34 por cento. Mas este país de emigrantes também está a descobrir que tem uma outra face, a de um país que também recebe trabalhadores estrangeiros e já não manda apenas mão-de-obra para fora. Aliás, para quem defende o turismo como mola de desenvolvimento local, acaba por ser pouco tranquilizador perceber que na principal estância turística do país, a ilha do Sal, o negócio turístico enche mais os bolsos dos estrangeiros do que da população local. As salinas, por exemplo, estão na mão de um italiano que é figura de proa na ilha, dada a quantidade de investimentos que tem em curso.

A população, que se debate com uma taxa de analfabetismo que ronda os 15/20 por cento e que ganha mal quando tem emprego, bem agradeceria uma alavanca modernizadora, mas se a Boa Vista seguir o exemplo do Sal, talvez o futuro que está aí ao virar da esquina não seja tão interessante assim. E talvez devêssemos deixar a Boa Vista intacta, em paz, com um aeroporto melhorado mas longe das grandes massas. Pelo menos até ao dia em que todos pudermos experimentar a Boa Vista tal como ela é hoje: crua, quente, bonita, como a música cabo-verdiana.

Se tudo correr mal no futuro, talvez a culpa deva ser repartida pelos jornalistas. Há dez anos, em Maio de 2001, neste mesmo suplemento de viagens, alguém escrevia um texto sobre a Boa Vista e os seus valores, pedindo em título que se visitasse a ilha mas não se contasse a ninguém. Palavras como paraíso, sonho, idílio foram usadas noutras reportagens sobre esta ilha, a que chamam também ilha das dunas, e que foram publicadas ao longo dos últimos anos na imprensa portuguesa.

Dentro em breve, Sal Rei irá ter um centro cultural, construído pela câmara local - gerida pelo Movimento para a Democracia (MdP) - e com ajuda financeira oriunda de França. O antigo cinema situado à entrada de Sal Rei vai ser transformado ainda este ano num Centro de Arte e Cultura, com lotação para 300 pessoas. Destina-se sobretudo à gente local, que actualmente não tem nenhuma infra-estrutura do género, e terá certamente interesse turístico, servindo como montra da cultura local, espaço de convívio e diversificação da oferta de actividades.

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