Fugas - Viagens

  • Vista da Fajã Grande
    Vista da Fajã Grande Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
  • Santa Cruz das Flores
    Santa Cruz das Flores Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
  • Fajã Grande
    Fajã Grande Paulo Ricca
  • Fajã Grande
    Fajã Grande Paulo Ricca
  • Ilhéu de Monchique
    Ilhéu de Monchique Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
  • Fajã Lopo Vaz
    Fajã Lopo Vaz Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
  • Fajã Lopo Vaz
    Fajã Lopo Vaz Paulo Ricca
  • Fajã Lopo Vaz
    Fajã Lopo Vaz Paulo Ricca
  • Caminho para a Fajã Lopo Vaz
    Caminho para a Fajã Lopo Vaz Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
  • Lagoa Comprida
    Lagoa Comprida Paulo Ricca
  • Lagoa Funda
    Lagoa Funda Paulo Ricca
  • Santa Cruz das Flores
    Santa Cruz das Flores Paulo Ricca
  • Rocha dos Bordões
    Rocha dos Bordões Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
  • Lagoa Rasa
    Lagoa Rasa Paulo Ricca
  • Lagoa Funda
    Lagoa Funda Paulo Ricca
  • Lagoa Funda
    Lagoa Funda Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
  • Lagoa da Lomba
    Lagoa da Lomba Paulo Ricca
  • Garajau comum
    Garajau comum Paulo Ricca
  • Lagoa Funda e Rasa
    Lagoa Funda e Rasa Paulo Ricca
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  • Trilho para a Fajã de Lopo Vaz
    Trilho para a Fajã de Lopo Vaz Paulo Ricca
  • Gruta do Galo
    Gruta do Galo Paulo Ricca

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As Flores e o Corvo à mercê do tempo

Que, no entanto, parecem estar todos sabe-se lá onde. Percorrendo as ruas de Santa Cruz em redor da Igreja de Nossa Senhora da Conceição (fechada aquando da nossa visita, para obras de recuperação do interior), não nos cruzamos com muitos locais. Há mais turistas - ainda assim poucos e a esta hora, perto das 13h00, concentrados na esplanada da Praça Marquês de Pombal. São sobretudo espanhóis - sabemo-lo porque falam alto e riem-se com vontade, praticamente indiferentes à chuva que recomeçou a cair. Com a igreja em obras e o Convento de São Boaventura, que alberga actualmente o Museu das Flores, fechado (pelo menos a esta hora), não temos muito mais para fazer além de ver a vila acontecer. De tão pacata, Santa Cruz é um daqueles lugares onde se pode andar no meio da rua ou até deixar o carro aberto enquanto se vai ao café. Já não será tanto assim, mas de repente lembramo-nos de Raul Brandão - e mais tarde consultamos As ilhas desconhecidas, que trouxemos na bagagem: "Vejo às janelas, por dentro das vidraças, fisionomias tristes de velhos que estão desde que se conhecem à espera de quem passa - e não passa ninguém."

Uma voltinha à vila há-de ficar completa com paragem no Centro de Interpretação Ambiental do Boqueirão, construído nos tanques onde se armazenava o óleo que era derretido na Fábrica da Baleia. Foi inaugurado em Novembro de 2009 e, convidando a um mergulho pelos mares dos Açores, pode ser uma boa ideia para ocupar os miúdos em dias que desaconselhem grandes jornadas ao ar livre. O espaço não é muito grande, mas tem informação detalhada sobre a fauna e flora do arquipélago, mais concretamente da ilha das Flores.

E é a ela que nos vamos fazer agora - mesmo que as nuvens que vemos lá em cima não augurem nada de bom. Arriscamos, ainda assim, e já subimos em direcção ao Pico da Casinha. Estamos a mais ou menos 400 metros de altitude, informa Marco Melo, da empresa de turismo de aventura West Canyon, que nos acompanha nesta viagem pela ilha, e começamos a sentir na pele (literalmente) o cliché que dá conta que nos Açores é possível ter as quatro estações num dia. Saímos do Verão de Santa Cruz e agora estamos praticamente no Inverno - e isto ainda é Santa Cruz.

Queremos acreditar que deste Pico da Casinha há realmente vistas fantásticas sobre o vale da Fazenda de Santa Cruz, mas esta névoa que nos persegue à medida que subimos deixa ver pouco para além do que temos imediatamente à frente dos olhos: muros forrados a hortênsias a delimitar os terrenos verdinhos, mais vacas do que pessoas e um silêncio quase fantasmagórico. Há outro miradouro ao virar da esquina - Arcos da Ribeira da Cruz, nas proximidades da qual se terão fixado os primeiros povoadores da ilha, no século XV - mas parar aqui serviria de pouco. "As nuvens nos Açores têm uma vida extraordinária", diz Raul Brandão no livro que nos acompanhará ao longo de toda esta jornada açoriana - e não podíamos estar mais de acordo.

Já percebemos que daqui não levamos nada, nem por sombras conseguiremos avistar as sete lagoas que são uma das imagens de marca das Flores. Descemos, portanto, e vamos fixar-nos mais perto do mar, onde as nuvens não parecem ter tanta vida. Antes, porém, paragem no miradouro do Portal: a Fajãzinha é uma manta de retalhos de campos verdes molhados de orvalho e tem a Aldeia da Cuada por cima; a cascata da Alagoinha, talvez o maior spot da ilha, hoje não dá mais a ver do que uns risquinhos esbranquiçados na rocha de vegetação compacta; lá ao fundo, a Fajã Grande e o ilhéu de Monchique, perdido no Atlântico.

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