Fugas - Viagens

  • Vista da Fajã Grande
    Vista da Fajã Grande Paulo Ricca
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  • Santa Cruz das Flores
    Santa Cruz das Flores Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
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  • Fajã Grande
    Fajã Grande Paulo Ricca
  • Fajã Grande
    Fajã Grande Paulo Ricca
  • Ilhéu de Monchique
    Ilhéu de Monchique Paulo Ricca
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  • Fajã Lopo Vaz
    Fajã Lopo Vaz Paulo Ricca
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  • Fajã Lopo Vaz
    Fajã Lopo Vaz Paulo Ricca
  • Fajã Lopo Vaz
    Fajã Lopo Vaz Paulo Ricca
  • Caminho para a Fajã Lopo Vaz
    Caminho para a Fajã Lopo Vaz Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
  • Paulo Ricca
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  • Lagoa Comprida
    Lagoa Comprida Paulo Ricca
  • Lagoa Funda
    Lagoa Funda Paulo Ricca
  • Santa Cruz das Flores
    Santa Cruz das Flores Paulo Ricca
  • Rocha dos Bordões
    Rocha dos Bordões Paulo Ricca
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  • Lagoa Rasa
    Lagoa Rasa Paulo Ricca
  • Lagoa Funda
    Lagoa Funda Paulo Ricca
  • Lagoa Funda
    Lagoa Funda Paulo Ricca
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    Lagoa da Lomba Paulo Ricca
  • Garajau comum
    Garajau comum Paulo Ricca
  • Lagoa Funda e Rasa
    Lagoa Funda e Rasa Paulo Ricca
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  • Trilho para a Fajã de Lopo Vaz
    Trilho para a Fajã de Lopo Vaz Paulo Ricca
  • Gruta do Galo
    Gruta do Galo Paulo Ricca

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As Flores e o Corvo à mercê do tempo

É para lá que vamos agora, para a Fajã Grande, já nas Lajes das Flores, que exibe com orgulho o título de concelho mais ocidental da Europa. Foram-se as nuvens e voltamos a entrar no Verão. Junto ao mar, a Fajã Grande mais não é do que uma evocação da geografia. É nas Flores que acaba a Europa e começa a América e isto, só por si, vale muito. Quem não gosta de dizer aos amigos que já esteve no ponto mais ocidental da Europa? Que tecnicamente é, no entanto, o ilhéu de Monchique, um rochedo isolado no mar.

É também na Fajã Grande que tem morada o Poço do Bacalhau, uma cascata que desagua na lagoa com o mesmo nome e que no Verão funciona como complemento ao mar. Nós, porém, não trocamos as águas azul-turquesa por nada deste mundo e deixamo-nos ficar por aqui. Mesmo que apenas deitados em cima do muro a ouvir o barulho das ondas. Não se está nada mal, neste ponto mais ocidental.

O cúmulo do isolamento

A primeira coisa que se faz nos Açores ao acordar é correr para a janela e fazer figas para que o tempo esteja de feição. Ao segundo dia na ilha, abrimos as cortinas, espreitámos para cima e vimos a caminhada pelo maciço rochoso da Sé por um canudo.

Não somos malta de desistir facilmente e lá entrámos no jipe da West Canyon à espera de um milagre. Raul Brandão, mais uma vez: "Esta paisagem molhada e verde é como um sonho: entreabre-se, fecha-se, sorri e adormece..." Não tivemos sorte, porém: pelo menos a esta altitude, as Flores não se abriram para nós, mantiveram-se naquele estado em que "água, ar e bruma intimamente se casam". Ao volante, Marco Melo explica--nos que o trilho que estava previsto para esta manhã (convém que seja guiado, uma vez que não está marcado na sua totalidade) começaria na Fazenda de Santa Cruz e terminaria no Pico da Sé. "As vistas lá de cima são de cortar a respiração", afiança. Não duvidamos, mas praticamente não vemos um palmo à frente do nariz. Chegamos de jipe à zona dos Piquinhos e, além dos musgos na beira da estrada de terra batida, dos coelhos (tantos!) que saltam à nossa frente e das omnipresentes hortênsias, só esta bruma que nos dá cabo dos planos.

Parece-nos que nas Flores todos os caminhos vão dar ao nevoeiro - e dizemos isto em voz alta. Inconformado, Marco dispõe-se a provar-nos o contrário. Quem não tem cão, caça com gato: em poucos minutos entramos na Estrada Municipal do Galo, que dá acesso à Fajã de Lopo Vaz, perto das Lajes. Voltámos para a costa e o sol brilha agora com alguma intensidade. Olhamos para baixo e percebemos onde vamos ter de chegar, a pé. Às 11h15 começamos a cumprir o trilho da fajã.

Vamos descendo, com o vento a assobiar na vegetação (canas, conteiras) e o mar a rugir lá em baixo. É bonita, a paisagem, mas há-de melhorar não tarda. Vamos escutando os melros pretos e os tentilhões, observando as faias da terra (espécie endémica) empoleiradas na encosta rochosa e sentindo o cheiro a urze, que aqui se chama queiró. Em 15 minutos chegamos a uns degraus de pedra e deste ponto a vista para o mar pode ser vertiginosa para olhos mais sensíveis. E é daqui que vemos, lá em baixo, duas casas brancas - não, três, não, quatro, são quatro pontinhos brancos que sobressaem do negro basáltico das pedras que são o chão da fajã.

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