Odeceixe
O tudo-em-um
Odeceixe é o dois-em-um. Ou o três-em-um. Ou mais ainda. Passo a explicar: é mar e piscina, é espaço e luz. É Alentejo e é Algarve. É uma praia que, conforme as marés, é duas. Aliás, três. Confuso? Na verdade, é tudo muito simples... e maravilhoso. Deixando a pequena vila de Odeceixe para trás, o caminho evolui conforme os caprichos da ribeira de Seixe, que faz a fronteira entre o Alentejo e o Algarve. As casas desaparecem para ressurgir três quilómetros à frente, quando já se adivinha o mar. Chegamos junto com a ribeira, que contorna o imenso areal e despeja no Atlântico. Este enlace dá origem a duas praias - a de água doce, onde se toma banho com peixes, caranguejos e lebres-do-mar e se escrevem juras de amor em pequenas pedras de xisto colocadas em frágil equilíbrio na falésia, e a praia de vagarosas ondas, ladeada por imensas falésias, onde saltitam os miúdos da escola de surf e os nossos munidos de pranchas de bodyboard. Mas o mais fabuloso é a amplitude de marés, que lembra o recuo das águas de um tsunami, deixando para trás pequenas piscinas naturais. É esse recuo que nos abre as portas à praia dos nus (terá outro nome mas não é assim que lhe chamamos por razões óbvias). A praia do lado, onde há a gruta onde vivem ursos (pelo menos é a teoria dos meus filhos), onde se apanham caranguejos e onde a imensa luz nos consegue sempre, anos e anos a conhecê-la, deixar extasiados. Odeceixe é isto tudo, e mais ainda, em-um. Ana Fernandes
Arrifana
Descer é fácil...
Felizmente nem todas as praias estão à distância de dois passos do sítio onde estacionamos o carro. A praia da Arrifana, em Aljezur, é uma dessas, daquelas praias que nos obrigam a andar, mas que nos compensam pelo esforço. Há dois momentos de chegada à Arrifana. Quando temos a visão de cima, do topo do morro, e olhamos para a envolvência perfeita entre a arriba, a areia e o mar. Depois, descemos o sinuoso caminho (que teremos obrigatoriamente de fazer no sentido contrário, e essa será a parte do esforço) até à areia e podemos escolher o nosso spot preferido no longo manto dourado, sem o risco de sermos massacrados pelo vento. E é uma praia multiusos: dá para surf, para banhos, para sol. Um conselho: não ir muito carregado. Ao fim do dia, a subida é de categoria super, íngreme e longa. Marco Vaza
PRAIA DE DUNAS
Carvalhal
Como numa ilha deserta
Se é daqueles adeptos da animação balnear esqueça e passe à praia seguinte: se há coisa que dificilmente encontrará no Carvalhal é berraria, confusão e actividades grupais tipo vamos-lá-todos-fingir-que-fazemos-ginástica. Por estas dunas sem fim, por estes areais onde se caminha horas a fio sem encontrar quase ninguém, como numa ilha deserta, reina a tranquilidade. Ao final do dia, ou às vezes antes, as gaivotas afoitam-se por entre os escassos banhistas. Em fins-de-semana mais movimentados basta andar algumas centenas de metros a partir da entrada da praia do Carvalhal ou da vizinha praia do Pêgo para mergulhar outra vez no sossego. As águas, essas, não são nem tão mansas nem tão quentes quanto as do clássico litoral algarvio - mas também não são de enregelar os ossos. Dois restaurantes no Carvalhal e um no Pêgo fazem as honras à mesa à beira-mar. Ana Henriques