Fugas - Viagens

  • Celebrações de Ano Novo, a 1 de Janeiro 2013
    Celebrações de Ano Novo, a 1 de Janeiro 2013 Syamsul Bahri Muhammad/Reuters
  • As Petronas no horizonte
    As Petronas no horizonte Bazuki Muhammad/Reuters
  • As Petronas no horizonte
    As Petronas no horizonte Beawiharta/Reuters
  • No bairro comercial Bukit Bintang, com as Petronas no horizonte
    No bairro comercial Bukit Bintang, com as Petronas no horizonte Bazuki Muhammad/Reuters
  • O frenético mercado Petaling
    O frenético mercado Petaling Sousa Ribeiro
  • Bazuki Muhammad/Reuters
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • As grutas de Batu, importante local de culto da comunidade hindu
    As grutas de Batu, importante local de culto da comunidade hindu Sousa Ribeiro
  • Mesquita Putra, Putrajaya, perto de Kuala Lampur
    Mesquita Putra, Putrajaya, perto de Kuala Lampur Bazuki Muhammad/Reuters

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As torres prateadas que mudaram a paisagem de Kuala Lumpur

As Petronas parecem jogar às escondidas — ora desaparecem, ora surgem no meu raio de visão e tornam-se ainda mais assombrosas agora que a noite cai e as luzes se acendem. Os valores envolvidos na construção das torres gémeas nunca foram revelados mas, de acordo com notícias publicadas em jornais malaios em 1998, quando os trabalhos foram concluídos, a obra terá custado qualquer coisa como 800 milhões de dólares americanos (aproximadamente 600 milhões de euros).

Tan Sri Datuk Seri Azizan Zainul Abidin, presidente da Petronas e da KLCC Holdings, admitiu numa entrevista uma despesa próxima desses valores e o próprio arquitecto, Cesar Pelli, também os referiu por essa mesma altura. “800 milhões pode ser o custo final, o que é barato se atendermos à qualidade da tecnologia usada, aos materiais importados e sistemas como a enorme quantidade de revestimento em aço inoxidável e os elevadores, entre outros.”

Face à confidencialidade imposta pelos patrões das Petronas e da KLCC Holdings, é praticamente impossível chegar a uma conclusão mas algumas fontes não identificadas sugeriram, por altura da conclusão do empreendimento, que cada torre terá custado 500 milhões de dólares, enquanto outros, dentro da mesma empresa, sempre sob anonimato, defendem que esse valor deve ser multiplicado por dois. De qualquer forma, nem uns nem outros especificam se o custo abrange as infra-estruturas da totalidade da KLCC, incluindo o complexo das Petronas, o parque e as zonas envolventes, o que, segundo Arilde Arrif, director-executivo da empresa, terá obrigado a um dispêndio de cerca de 150 milhões de dólares.

Sentado na esplanada, absorto em pensamentos sobre a dimensão desta obra megalómana, nem dou conta de que, num curto espaço de tempo, a Jalan Alor se enche de gente e que já são poucos os lugares vazios nas muitas dezenas de restaurantes que lhe dão vida quando a noite se anuncia. Agora que as fito pela última vez, brilhando como espelhos, não deixo de pensar que o sonho materializado assumiu, durante anos, os contornos de um pesadelo, com avanços e retrocessos que lançavam dúvidas nos habitantes de Kuala Lumpur, vivendo na sua ansiedade eufórica tão próxima da que sentia o pequeno dos cabelos encaracolados antes de subir à Sky Bridge.

- Ainda falta muito?

A pouca fiabilidade da estrutura implicou a sua deslocação (60 metros) face ao que estava inicialmente previsto no projecto, durante noites e noites 500 camiões retiraram terra da área de construção e foram necessárias 54 horas para despejar 13.200 metros cúbicos de cimento por cada torre. Duas empresas, uma coreana e outra japonesa, encarregaram-se de levantar cada uma das Petronas, com o peso da angústia de terem de pagar ao cliente 700 mil dólares por cada dia de atraso. A primeira, tendo começado um mês mais tarde, terminou a obra um mês mais cedo, graças a um segredo bem guardado: o pináculo, já pronto a ser colocado, estava escondido no interior da torre. “Juntas, formam um grande arco que lembra uma porta de entrada para o orgulho da Malásia e da sua modernização”, escreveu nas suas memórias o primeiro-ministro Mahathir Mohamad.

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