Fugas - Viagens

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Viagem pelo Israel mundano e cosmopolita

Jerusalém pode ser a capital de Israel, mas contraria a lógica que associa esse estatuto ao desenvolvimento e poder. Pelo contrário, é a segunda cidade mais pobre do país. "Tem muito religioso e muito árabe", explica Efraim no caminho para Telavive, o paraíso mundano de Israel.

As luzes de Silicon Wadi
A fama de Telavive precede-a, como reza a tradição. Ainda antes de lá chegarmos, falam-nos de uma cidade com uma vida nocturna animada, moderna, pouco religiosa e gay friendly, algo relativamente fora do comum nesta parte do mundo. E ela é tudo isso e muito mais.

A modernidade faz parte do seu ADN ou não fosse Telavive uma cidade fundada desde as bases, corria o ano de 1911. O seu crescimento foi de tal maneira rápido que depressa engoliu a antiga cidade de Jaffa, com que se fundiu, passando a ser apelidada de Telavive-Jaffa em muitos dos guias turísticos.

Se em Jerusalém o fervor é religioso, em Telavive o pulsar é epicurista. Há vida em cada recanto da cidade, onde os mercados vendem de tudo desde as tradicionais frutas e legumes até tabaco contrafeito que chega da Rússia e da Faixa de Gaza a um terço do preço. É Agosto e os termómetros batem nos 40 graus fazendo com que as praias a dois passos do centro da cidade estejam cheias de pessoas.

A relação com o mar é aqui bem cultivada, seja através da construção de infraestruras que servem de apoio aos banhistas, como na recente renovação do porto. O que antes era uma zona abandonada, com o habitual descambar para território de drogas e prostituição é, desde 2002, ponto de encontro incontornável. Seja para um passeio em família no paredão que acompanha o porto ou no parque infantil vizinho, para um copo depois do trabalho num dos muitos cafés e restaurantes ou ainda para arrancar bem o dia com uma visita ao mercado biológico que ali acontece diariamente, o porto de Telavive é íman multifacetado e eficaz. Ao mesmo tempo, é um óptimo exemplo de como muitas das infraestruturas e hábitos dos israelitas de Telavive são recentes. Sentados num dos novos cafés, vendo as pessoas passar de bicicleta, em pleno jogging ou vestidas para uma saída à noite, é surpreendente que este movimento só exista há pouco mais de dez anos.

O crescimento rápido de Telavive não trouxe só coisas boas para a cidade que tem visto o preço da habitação subir em flecha. Quando passamos pela Avenida Rothschild, umas das primeiras e a predilecta da elite, a par da concentração de arquitectura Bauhaus, vemos uma manifestação de jovens acampados no centro da larga avenida. Efraim explica que estão a protestar contra os preços da habitação. "Um apartamento aqui começa em um milhão de dólares e é preciso ficar em lista de espera para comprar".

O desenvolvimento da cidade é um dos grandes motivos para esta pressão demográfica que se tem alimentado também da imigração de outros países árabes, mas sobretudo russa, em busca dos rendimentos elevados que Telavive tem para oferecer. Outrora um importante exportador têxtil, Israel tem assistido à deslocalização das fábricas para a Palestina. Um movimento que se explica pelo facto de o salário mínimo em Israel ser de cerca de 1100 dólares (um pouco acima dos 800 euros) e, do outro lado do muro, ficar-se pelos 250 dólares (à volta de 185 euros). Mão-de-obra barata à distância de uns quilómetros.

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