Fugas - Viagens

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Viagem pelo Israel mundano e cosmopolita

Então, o que há de tão especial em Massada? A envolvência, para começar. O cenário do deserto já é por si só apelativo para um europeu e este em particular está recheado de histórias. Lá em cima, a 450 metros de altura, tudo o que se avista é árido, entre montanhas e escarpas e leitos de rios secos. Evoca o Grand Canyon, índios e cowboys, mas estamos num filme muito diferente. Em Masada, uma mini-série realizada por Boris Sagal em 1981 para a ABC, Peter O’Toole desempenha o papel do comandante romano Cornelius Flavius Silva. Ainda que o apelido faça bater mais depressa o coração de qualquer turista português, não há o mínimo indício de ligação do comandante da 10.ª Legião a terras lusas. No ano 73 d.C., Flavius Silva liderou as tropas romanas enviadas à Judeia para eliminar os rebeldes judeus, um grupo de zelotas que se recusava a pagar impostos a um imperador pagão. O embate épico que o filme celebra tem um fim trágico. Reza a história que cerca de 800 zelotas enfrentaram os 5000 romanos sob o comando de Silva a partir de Massada. Terão resistido durante anos tirando partido da complexidade da fortaleza e da sua localização estratégica privilegiada. Mas, quando os romanos conseguiram construir uma rampa e destruir uma das muralhas, a invasão tornou-se inevitável. Na iminência da tomada da fortaleza pelos romanos, os zelotas cometeram suicídio em massa, preferindo morrer a ser escravizados. Massada tornou-se assim simultaneamente símbolo da coragem e determinação do guerreiro judeu e altar que o homenageia.

Mas a história da construção de Massada — que, em hebraico, significa exactamente fortaleza — começa muito antes da Grande Revolta Judaica contra Roma que estalou no ano 66 d.C. Foi Herodes, o Grande o responsável pela sua construção entre 37 e 31 a.C. A cerca de uma hora de carro de Jerusalém, o objectivo da fortificação era servir como refúgio para o rei, em caso de necessidade de fuga, e simultaneamente de palácio de Inverno. Assim, para além das muralhas que rodeiam os limites do planalto, há toda a estrutura de uma cidade equipada com cisternas para água da chuva, banhos, salas de armazenamento e armeiros. Mas a jóia da coroa é mesmo o palácio que Herodes preparou a gosto, no lado norte do planalto. Trata-se de uma construção extremamente luxuosa para a época, erigida sobre a rocha escavada, cuja inclinação acompanha, crescendo na diagonal, em três níveis de terreno, com uma diferença total de altura de 30 metros entre cada um. O rei e a sua família residiam no piso superior, enquanto os restantes estavam reservados a visitas. O deserto funcionou como um protector para Massada, conservando a estrutura que combina elementos da arquitectura grega e romana, e que, em 2001 foi considerada Património Mundial da Humanidade pela UNESCO.

Conjugação do verbo boiar
Qualquer panfleto turístico de Israel estará incompleto sem uma foto de uma pessoa besuntada com lama do Mar Morto. A cobertura acastanhada é tão célebre quanto os banhos de leite de burra de Cleópatra, no que diz respeito a tratamento de beleza milenares.

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