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Stratford-upon-Avon
Se há figura tutelar para 2014, essa será William Shakespeare, o dramaturgo e poeta inglês que nas suas peças percorreu meio mundo e foi ao fundo da psicologia humana. No ano em que se cumprem 450 desde o seu nascimento não faltarão, decerto, celebrações mas o ponto alto será, com certeza, na sua cidade natal — Stratford-upon-Avon. Esta é uma espécie de “Shakespeareland” onde tudo parece ter relação com o Bardo e onde está sediada a companhia teatral que leva o seu nome, a Royal Shakespeare Company, imponente edifício em cenário bucólico junto ao rio Avon, onde a sua obra é revisitada ao longo de todo o ano.
Este ano, a celebração do aniversário (a 23 de Abril), uma tradição com mais de 200 anos, é no fim-de-semana de 26 e 27 de Abril, o mais próximo do dia. Nesses dias, esperam-se que as comemorações da vida e obra de Shakespeare saiam à rua pela mão de performers e artistas que vão encher a cidade de música, teatro, recriações históricas; e que entrem pelas casas “shakespeareanas” com actividades especiais.
São cinco as casas associadas à vida de Shakespeare que podem ser visitadas em Stratford-upon-Avon. Não só contam parte da história da vida do poeta como são uma janela para uma viagem no tempo, até ao século XVI. A meca de todas as peregrinações é a casa onde nasceu Shakespeare, uma casa de estilo Tudor, com as suas grelhas de madeira sobre paredes brancas e os seus telhados inclinados. A Anne Hathaway Cottage (onde cresceu a sua mulher), a Anne Arden’s House (a quinta onde viveu a mãe), a Nash’s House (onde Shakespeare viveu desde 1597 até à sua morte – apenas vestígios, uma vez que foi demolida no século XVIII) e Hall’s Croft (onde viveu a sua filha mais velha, a dois passos a Holy Trinity Church, onde Shakespeare está enterrado), completam as “propriedades shakespeareanas” que são o motor do turismo em Stratford-upon-Avon. A alguns quilómetros da pitoresca cidade, o magnífico castelo de Warwick merece uma visita: 11 séculos de vida tornam-no um marco em Inglaterra.
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Bélgica
Foi o mais mortífero conflito mundial e é difícil imaginar que algumas das suas batalhas mais sangrentas tiveram lugar na placidez das planícies belgas. Em 2014 assinala-se o centenário do início da I Guerra Mundial e na Bélgica essa memória vai estender-se até 2018, o centenário do seu fim. É um bom pretexto para recordar e prestar homenagem a todos os que combateram e aos que caíram num conflito que mudou irremediavelmente o rumo da história mundial. E para explorar um país que é várias vezes negligenciado para além da sua capital, Bruxelas, a encruzilhada de uma Europa em busca de um significado.
Neste país, dividido entre valões e flamengos e ciclicamente assolado por vagas secessionistas, entre 10 mil e 15 mil portugueses terão perdido a vida nesse grande conflito mundial. Portugal só declarou guerra à Alemanha em 1916, e só em 1917 partiu o Corpo Expedicionário em direcção à Flandres. O suficiente para em La Lys (Ypres), numa das mais cruéis batalhas da guerra, sofrer uma das mais pesadas derrotas militares da nossa história. Por aqui, os monumentos ao soldado desconhecido ergueram-se um pouco por todo país, em Ypres (ou Ieper no seu nome flamengo), a Porta de Menin, perto do mercado local, é uma homenagem às dezenas de milhar de soldados que permanecem “perdidos” nos campos de batalha. Os nomes estão gravados na pedra e todos os dias, às 20h, a rua que passa sob o arco é fechada ao trânsito e é tocado Last Post. Em Ypres, o conflito é recordado em museus e em vários locais que não deixam morrer a lembrança e as consequências da guerra. O mesmo na zona de Brugges, por exemplo, na qual se situa a chamada “Trincheira da Morte”, um exemplo único da vida em batalha.
À boleia da memória, explore-se um país com vilas medievais e cidades cénicas, como Bruges, Ghent ou Antuérpia, com gastronomia e bebida rica (as cervejas belgas têm fama de ser as melhores do mundo), museus de grandes mestres, velhos e novos (de Breugel e Van Eyck a Magritte) e de ícones pop (Tintim), praças monumentais e canais. Entre Abril e Julho, os campos de batalha da Flandres, na frente ocidental, transformam-se em campos de papoilas — o que acaba por ser mais uma metáfora dos tempos de guerra.