mais Fugas | Suécia
Sarajevo
Durante a guerra dos Balcãs foi considerada a cidade mais perigosa do mundo, mas esse é o passado. Por estes dias, Sarajevo tenta sacudir as memórias de mais esse conflito que a assolou, ao mesmo tempo que se prepara para assinalar a morte do arquiduque Francisco Fernando, o herdeiro do império austro-húngaro, cujo assassínio nas ruas da cidade foi o rastilho para a I Guerra Mundial. Um dos acontecimentos mais simbólicos será o chamado Evento da Paz, com festivais de música e de cinema, acções de rua, apresentações artísticas, exposições. “De um mundo de guerra e violência a uma cultura da paz e não-violência” é o mote, apropriado para uma cidade que esteve sempre na linha da frente das grandes fracturas civilizacionais da história europeia: aqui o império romano dividiu-se entre Ocidente e Oriente, aqui conviveram católicos, ortodoxos e muçulmanos do império otomano.
As ruas da cidade que (uma vez mais) se reergue reflectem essa diversidade, esse encontro de civilizações. Sobretudo na cidade antiga, que deve mais ao Oriente do que ao Ocidente, com o seu colorido de vendedores e o ubíquo aroma a café que aqui é um ritual para ser concretizado com calma — à turca. Do mesmo modo, tanto passamos por igrejas ortodoxas, como por mesquitas e sinagogas. E em 2014 vamos assistir ao final da reconstrução da biblioteca nacional, destruída em 1992, com dois milhões de livros no interior. Este marco arquitectónico da cidade, em estilo mourisco, vai reabrir como paços do concelho que era, afinal, a sua função original.
mais Fugas | Bósnia
Sochi
Há algo de incongruente nestes Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 na Rússia. Com tanta neve no gigantesco país, a localização escolhida foi a mais improvável porque Sochi, a cidade à beira do Mar Norte eleita, é mais de palmeiras do que de coberturas geladas. Não é à toa que é conhecida como a pérola da Riviera russa. A neve visita-a, mas não fica muito tempo. O mesmo não acontece nas montanhas do Cáucaso, à distância de 30 minutos de comboio. Será aí que se realizarão algumas provas — nomeadamente as de esqui — com vista para o Parque Nacional de Sochi. As provas de pavilhão-estádio serão, então, em Sochi, capital do Verão russo, que recebe quatro milhões de veraneantes por ano.
Sochi, no local onde a Europa e a Ásia se encontram, tornou-se uma cidade balnear no início do século XX, e tornou-se moda quando Estaline ali construi a sua dacha — a casa de férias do governante é uma das atracções turísticas da cidade. Agora está num ponto de transição — grandes marcas mundiais instalam-se entre antigos complexos hoteleiros para trabalhadores da era soviética, a construção (nem sempre ordenada) está em alta. Alheia a tudo isso, a linha de costa, rochosa, estende-se banhada pelo quente mar Negro — e, com a sua situação geográfica privilegiada, o Inverno e o Verão podem encontrar-se à beira-mar: em Krasnaya Polyana o final da Primavera pode ser repartido entre as pistas de esqui e a areia da praia.