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Nova Orleães
Se é comum dizer que há Nova Iorque e os Estados Unidos, nos Estados Unidos há Nova Orleães e o resto dos Estados Unidos. Aliás, em termos de cidades alienígenas na tapeçaria norte-americana, Nova Orleães está muito à frente da Big Apple. É a big easy; é original, ponto final. A sua história crioula de alma e coração dá-lhe um charme único, mistura de Europa, África, Caraíbas ali num canto do sul americano — geográfico e mental. Esse canto geográfico é um dos seus pontos fracos e o furacão Katrina deixou uma vez mais exposta a fragilidade da cidade do Louisiana. Esse canto mental, sulista mas pouco, empresta-lhe o encanto que atravessou séculos e que (quase sempre) lhe garantiu a “gentileza de estranhos”.
É inevitável citar a inesquecível Blanche du Bois que em Nova Orleães apanha “Um eléctrico chamado desejo” no texto de Tennesse Williams. Faz parte do imaginário colectivo da cidade (a escritora Ana Teresa Pereira ainda recentemente o visitou em As Longas Tardes de Chuva em Nova Orleães) como faz parte o seu Mardi Gras, carnaval que é a súmula de toda uma cultura. E se falamos em Nova Orleães como destino para 2014 é porque o carácter estóico dos habitantes e a tal gentileza de estranhos lhe garantiram mais uma vez o renascimento, qual fénix mas a erguer-se das águas. Um bom motivo para redescobrir uma cidade fascinante, com uma histórica e uma cultura riquíssimas. É o local onde o jazz nasceu e o cajun floresceu, na música, na comida, na fala. Seja no tradicional French Quarter ou no reabilitado Tremé (que até virou cenário de série televisiva), seja nos cemitérios assombrados ou nos parques à beira do Mississipi, Nova Orleães é sempre uma surpresa.
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Nova Zelândia
Ninguém vai à Nova Zelândia ao engano — mais que não seja, porque é uma viagem demasiado longa para equívocos. Nos antípodas de Portugal, o país é (quase) cem por cento natureza, cem por cento pura. É ideal, portanto, para amantes de actividades ao ar livre, mais ou menos radicais — bungee jumping (que começou aqui) ou pára-quedismo, trekking ou observação de aves (ou baleias, golfinhos), exploração de glaciares ou vulcões, esqui em extensos vales e relaxamento em fontes geotermais —, que encontram em Wellington (a capital) e Auckland cidades cosmopolitas e acolhedoras. É assim a Nova Zelândia; é-o muito mais na ilha do Sul (Te Waipounamu, no maori indígena), a mais selvagem e menos habitada; é-o mais na costa ocidental, que tem vindo a ser “descoberta” por viajantes incansáveis em busca de maravilhas naturais — uma espécie de wild west sem armas ou cowboys.
O governo do país está atento e em 2014 os amantes dos great outdoors têm um motivo extra para visitar esta região, que tem 90% da sua área protegida em parques naturais: a abertura de duas grandes rotas de ciclismo e caminhadas, que vão passar pelo cabo Foulwind, famoso pela colónia de focas, por lagos cristalinos, florestas antigas, glaciares e pequenas aldeias perdidas. Cenários abismais nesta parte do país que entra em território património da humanidade e se estende desde os picos dos Alpes do Sul até praias remotas no mar da Tasmânia, entre maravilhas geológicas e fauna e flora raras.