Fugas - Viagens

  • Ijburg
    Ijburg Edwin van Eis
  • Por Amesterdão
    Por Amesterdão Koen van Weel/Reuters
  •  Um eléctrico decorado com uma carruagem real
    Um eléctrico decorado com uma carruagem real Michael Kooren/Reuters
  • No canal Brouwersgracht
    No canal Brouwersgracht Michael Kooren/Reuters
  • Uma vista do Red Light District
    Uma vista do Red Light District Michael Kooren/Reuters
  • Faralda, um hotel-grua
    Faralda, um hotel-grua DR
  • O Hotel Lloyd, em baixo, nasceu para responder ao desafio de estabelecer um novo coração em Amesterdão Leste
    O Hotel Lloyd, em baixo, nasceu para responder ao desafio de estabelecer um novo coração em Amesterdão Leste HARRY VEENENDAAL
  • Restaurante Stork
    Restaurante Stork Edwin van Eis
  •  O museu do cinema/Reuters
    O museu do cinema/Reuters Michael Kooren/Reuters
  • Docas ocidentais
    Docas ocidentais DR

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Amesterdão, a cidade improvável

Na verdade, é ao contrário, é a zona que está mais exposta”. Ao sol, então, estabeleceu-se a nova sede da MTV Benelux e com ela a esperança em atrair novas empresas, novos projectos — em fazer a transição pós-industrial. NDSM quer significar “self made city”: os artistas começaram a ocupar os antigos edifícios, por iniciativa da autarquia, nos anos 90, depois vieram restaurantes, pequenas empresas, grandes ideias.

O Overkant (“outro lado”) é um paradigma da reabilitação que está a ser feita. No exterior, não se vê mais do que grandes edifícios industriais. E, lá dentro, por enquanto pelo menos, pouco mais se vê do que um enorme espaço vazio, com um pé direito que alberga quatro andares ao longo de um saguão central — parece abandonado, mas na verdade é uma espécie de incubadora. Há várias start-ups por detrás das portas fechadas: desde oficinas de vários tipos à área tecnológica e cultural. Em breve abrirá um mercado de frescos e funciona já um restaurante, Stork (especializado em peixe, tamanho XL, mobiliário em segunda mão, atmosfera boémia e mesas e bancos de madeira corridos no terraço virado para o rio IJ) e uma companhia de produção de dança, Dansemaker. Periodicamente, o Overkant organiza grandes eventos, para dar a conhecer o que ali se faz e para colocar o espaço no mapa. “A ideia é a de quando transformarmos as casas as pessoas já conheçam a área como boa”, afirma Paul Oudeman.

Todo este fervilhar de novos projectos não retirou as feições industriais ao Norte de Amesterdão que continua a ter uma aparência dura e tosca, uma terra de ninguém. Essa é uma identidade que veste com orgulho. A nossa surpresa é óbvia quando, depois de caminharmos centenas de metros em terra batida, em cenário decadente e abandonado, descobrimos o Pllek, um dos restaurantes mais hipsters da cidade.

Não é, claro, um espaço qualquer — estamos dentro de antigos contentores de navios; lá fora, há areia e pequenos botes por entre mesas de madeira corridas. A comida é vegan friendly, o ambiente chill-out e a atitude multicultural (na gastronomia e na música, no cinema e no teatro) numa cidade que congrega 180 nacionalidades.

Se nos surpreende o Pllek, também o hotel ao lado o faz. Passamos por ele sem o mirar duas vezes. Para nós, não é óbvio uma grua transformar-se num hotel. E, no entanto, este nem é caso único na Holanda, mas será o primeiro em Amesterdão. A Grua 13 é a “torre Eiffel” da cidade, mas quando o estaleiro foi desmantelado não se sabia o que fazer com ela. Estudou-se a possibilidade de a transformar em hotel para que a cidade não perdesse essa silhueta tão marcante. A luz verde foi dada e o Faralda NDSM Crane Hotel abriu em Dezembro. Quando a vemos, tinha regressado um mês antes ao seu local original — todos os trabalhos de remodelação foram feitos fora. Faltavam os elevadores, a água, a luz…

O primeiro elevador leva os visitantes ao um andar circular, onde vai ser instalado um estúdio de televisão e salas de exposições. Daqui partirá o segundo elevador para as três suites que compõem este que será, com certeza, um dos mais pequenos hotéis do mundo (e exclusivos: os preços variam entre 435€ e 1000€ a noite, dependendo da época). São “caixas” — a original, onde as máquinas estavam, e outras duas criadas à sua imagem, mas em cores diferentes: a grua foi restaurada nas suas cores originais, cinzento e azul, com as partes novas a distinguirem-se com amarelo e “vermelho Amesterdão”, “muito forte”. Haverá um jacuzzi com vista para a cidade e exposição total aos ventos — está previsto que se mova. E não é tanto um hotel como mais um exemplo de como se pode reabilitar uma área antiga.

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