Fugas - Viagens

  • Ijburg
    Ijburg Edwin van Eis
  • Por Amesterdão
    Por Amesterdão Koen van Weel/Reuters
  •  Um eléctrico decorado com uma carruagem real
    Um eléctrico decorado com uma carruagem real Michael Kooren/Reuters
  • No canal Brouwersgracht
    No canal Brouwersgracht Michael Kooren/Reuters
  • Uma vista do Red Light District
    Uma vista do Red Light District Michael Kooren/Reuters
  • Faralda, um hotel-grua
    Faralda, um hotel-grua DR
  • O Hotel Lloyd, em baixo, nasceu para responder ao desafio de estabelecer um novo coração em Amesterdão Leste
    O Hotel Lloyd, em baixo, nasceu para responder ao desafio de estabelecer um novo coração em Amesterdão Leste HARRY VEENENDAAL
  • Restaurante Stork
    Restaurante Stork Edwin van Eis
  •  O museu do cinema/Reuters
    O museu do cinema/Reuters Michael Kooren/Reuters
  • Docas ocidentais
    Docas ocidentais DR

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Amesterdão, a cidade improvável

Há uma varanda-deck flutuante, onde estão dois barcos amarrados, e algumas limitações. “Ainda não conseguimos acertar com as escadas [que ligam o cais à casa]. Com a água tornam-se escorregadias.” O nível da água varia e a escada anda para cima e para baixo. Não nos podemos esquecer que é casa, no entanto, é flutuante e tem mesmo de o ser: as bases são em betão armado, mas se assentam no fundo podem partir. Hoje, como não há vento, está quieta – noutras alturas é como se dançasse, diz Therese. Não que isso importe. “Quem vive aqui fá-lo pela água. E pelo céu”, diz olhando pela alta parede envidraçada onde a noite já uniu o céu e a água.

Uma banheira-museu

Deixamos as margens para irmos ao coração de Amesterdão e logo a um dos pontos mais turísticos. A praça dos museus (Museumplein) não é tanto uma praça como um parque em torno do qual se encontram três dos mais importantes museus da cidade: o Rijksmuseum (reaberto este ano depois de dez anos de renovações), o museu Van Gogh e o Stedelijk (além da sala de concertos Concertgebouw). O sol aquece o enorme relvado central; nós estamos à sombra da nova (e polémica) adição do Stedelijk, o museu de arte moderna, já conhecida por “banheira”.

Também na oitocentista praça Amesterdão se renova, inventando novos espaços. “A ideia era mudar a entrada do museu”, explica o autor do projecto Mels Crouwel, “Tinha as costas voltadas para a praça”. Tentou-se fazer isso no edifício original, conta, mas o preço seria derrubar parte deste. A opção foi criar uma nova ala, uma ousadia estilística que não passa despercebida, para o bem e para o mal. Branca, composta por materiais pioneiros na construção mas usados na indústria aeronáutica, o resultado é uma fachada lisa e brilhante. Não no rés-do-chão, porém, todo transparente — vidro a abraçar o edifício neo-renascentista original. Aqui ficam um restaurante-cafetaria, a recepção, a loja do museu, o espaço educativo; para cima e para baixo, novos espaços expositivos, para mostras temporárias.

O rés-do-chão é o único espaço onde se distingue o novo e o antigo no museu. Não só pela transparência, como pelo facto de a fachada original estar intacta e ligada à nova ala por uma junção de vidro. Daqui partem três circuitos possíveis para o museu e uma vez lançados neles, raramente temos noção de onde estamos. “Os materiais são os mesmos para não haver contraste entre antigo e moderno”, nota o arquitecto.

Nós começamos pela ala nova. Descemos para a exposição de Lawrence Weiner, trabalhos em papel em sala gigantesca e tão polivalente quanto a vontade de cada curador; transitamos para a de Kazimir Malevich e assistimos à sua evolução artística até às suas imagens mais icónicas e terminamos na colecção permanente, uma revisão da arte dos últimos 160 anos. De Van Gogh, Chagall, Matisse, Mondrian a Jeff Koons, Willem de Koening e Marlene Dumas, passando por Pollock, Lichtenstein e Max Beckmann; de pintura a fotografia, passando por joalharia, têxteis, artes gráficas.

É afastados que melhor apreendemos a nova ala do Stedelijk, mas é difícil encontrar um bom ângulo. Há poluição visual neste canto da praça, onde até um supermercado se ergue e uma torre negra foi a solução encontrada para encaixar os serviços de logística do museu.

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