Fugas - Viagens

  • Carla B. Ribeiro
  • Miguel Madeira
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Las Vegas e Vale da Morte, as duas caras do deserto americano

Pelo campo esburacado, vários turistas, de outros estados norte-americanos mas também de paragens mais longínquas como nós, parecem crianças num gigantesco parque de diversões, procurando o caminho possível entre as rochas e os buracões que se formam entre elas. Cada uma parece uma jóia por esculpir, com os sais expostos ao sol a reflectirem todo o seu brilho. A surpresa é tal que, em vez de sairmos e voltarmos a entrar no carro, deixamo-nos ficar entre o espanto e a incredulidade ante o cenário que nos leva a crer que acabámos de aterrar noutro planeta.

Não à toa, várias das cenas do planeta Tatooine, do episódio IV da saga Guerra das Estrelas, foram filmadas pelo Death Valley. Nomeadamente na Artist's Drive (Caminho dos Artistas), pelo qual se pode observar uma verdadeira palete de tons, resultante da oxidação de diferentes minérios.

Manchas de um pálido rosa misturam-se com pinceladas de laranja para, logo na colina a seguir, se notar como o roxo e o verde brincam com os vermelhos. Parece, de facto, que as colinas serviram de tela a alguém. O caminho, de sentido único, é feito de curvas e contracurvas e, sobretudo, de acentuadas lombas que após ultrapassadas revelam um cenário sempre mais assombroso que o anterior.

Experiência idêntica haveria de ter no dia a seguir em Red Rock Valley. Não tanto pelas formações vermelho ocre que parecem ter sido esculpidas à mão e que contrastam com as montanhas a cinza. Mas sobretudo pela visão de, curva após curva, se observar um mundo novo, em que montanhas a verde e outras a branco nos parecem tomar de assalto.

Em Red Rock Valley é possível percorrer a estrada de bicicleta, parar a qualquer instante para tirar um montão de fotos ou mesmo para apreciar um piquenique. Lamentavelmente, de série 4 Cabrio, acabámos por ter de ser escoltados por ordem dos rangers do parque, limitando os movimentos e, claro, as paragens.

Para lá da morte

Não era apenas o Vale da Morte que me atraía a fazer esta viagem. A morte em si que lhe dá nome não deixou de ter algum efeito encantatório. Sobretudo depois de saber da existência de cidades-fantasma. “Há quem jure que ouviu a voz do tio ou da avó”, relata um dos meus companheiros de viagem, provavelmente tentando criar o clima mais apropriado.

Já na fronteira Este do parque, Rhyolite vive hoje da prosperidade da morte após ter crescido com a febre do ouro. A cidade começou a fervilhar no início do século XX quando uma campanha descobriu a existência do metal precioso na região. Como em qualquer bom western com a corrida ao ouro como mote, milhares de garimpeiros, mineiros, empreendedores, assim como prestadores dos mais variados serviços, acorreram a Rhyolite, que se situava junto à rica Mina Montgomery. Na mesma altura, foi feito o investimento em condutas de água, na electricidade, nos transportes. Em pouco tempo a cidade floresceu, incluindo até um hospital ou uma sala de espectáculos. Mas tão depressa cresceu como entrou em decadência. E, em cerca de 15 anos, a população passou de uma estimativa de cinco mil habitantes para um redondo zero.

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