A noite espreita quando chego a Cetinje, a antiga capital que repousa sobre um vale, cidade com alguns dos melhores museus do país e um mosteiro imperdível, uma e outra vez destruído pelos otomanos, uma e outra vez reconstruído pelos habitantes locais.
Amanhã é outro dia.
Agora, tudo o que me apetece é sentar-me numa esplanada, junto à estrada, bem próximo do centro, saboreando os sucessivos petiscos que vão sendo colocados na minha mesa. Abandono o restaurante sob uma luz quase moribunda que quase não deixa ver o passeio e, de carro, para lá do centro da cidade, não tardo a ver-me no meio de uma total penumbra, rogando pragas ao meu habitual sentido de orientação. Avisto um polícia a quem pergunto sobre a localização do hotel, no alto de uma colina.
- Não é fácil. Eu acompanho-te e tu depois trazes-me de volta.
Quase não trocámos uma palavra mas cinco minutos depois estávamos à porta do hotel. Encetei o caminho de regresso e agradeci-lhe o gesto. No momento em que lhe apertei a mão, calorosamente, fui tomado por um impulso que tive dificuldade em controlar. Fitava-lhe o chapéu e sentia-me tentado a pedir-lho emprestado para festejar como o Budimir Vujacic. Não um golo numa baliza de futebol, marcado por Amunike, mas um golo na baliza da vida.
Guia prático
Quando ir
A exemplo do que acontece um pouco por todo o Mediterrâneo, a costa do Montenegro desfruta de um clima suave no Verão e ameno no Inverno. As mais altas temperaturas, entre os 20 e os 30 graus (mínima e máxima), ocorrem nos meses de Julho e Agosto, enquanto Janeiro goza habitualmente do estatuto de mês mais frio, com os termómetros a marcarem quatro e doze graus (uma vez mais mínima e máxima). Para a prática de esqui, é aconselhável que o faça entre Dezembro e Março e, de forma a evitar um grande afluxo de turistas, o ideal é aproveitar a acalmia, as muitas horas de sol e uma média de 20 graus durante os meses de Maio, Junho, Setembro e Outubro.
Como ir
O Montenegro faz fronteira com a Albânia, o Kosovo, a Sérvia, a Bósnia-Herzegovina e a Croácia, pelo que, dependendo dos lugares a visitar neste pequeno país com menos de 700 mil habitantes, são múltiplas as possibilidades que se perfilam. A melhor delas, e talvez a mais rentável e menos cansativa, passa por ligar Lisboa a Dubrovnik e, desde esta cidade na costa croata, de autocarro ou de carro alugado (mais apelativo) até Herceg Novi, um percurso que se cumpre em duas horas e com um custo aproximado de dez euros. Para chegar a Dubrovnik, tendo como base o mês de Abril, a Lufthansa proporciona a melhor ligação e o melhor preço. Efectuando escalas em Munique, a companhia aérea alemã tem tarifas a partir dos 290 euros, apenas mais 40 do que a Vueling que, com uma paragem em Barcelona, também serve Dubrovnik, embora com a desvantagem de ter de passar uma noite na cidade catalã no voo de ida.
Onde comer
Ristorante Tramontana - Na esplanada do Hotel Splendido, em Kotor
Knez Konoba - Mitrov Ljubise, Budva
Vila Drago - Slobode, 32, Sveti Stefan
Onde dormir