A praia da Dona Ana — eleita a melhor do mundo em 2012 pela Condé Nast Traveller — é a maior entre a dúzia de línguas de areia protegidas do vento norte dominante que se estendem desde o forte da cidade à Ponta da Piedade. É também por isso aquela que trava a luta mais justa contra a maré alta, que encolhe muitos areais pela metade, e com a sombra que diariamente persegue os banhistas à medida que o sol se vai escondendo nas costas da falésia.
Com um restaurante pousado na areia, fáceis acessos e vários hotéis e pensões que se debruçam sobre o horizonte, é a praia mais urbana da Costa D’Oiro e a única onde se pode embarcar numa visita às grutas directamente a partir do areal. Uma fila de pequenos barcos estacionados à beira-mar aguarda por clientes que queiram conhecer um dos ex-líbris da região: furnas, escarpas e enseadas de múltiplas formas, onde a natureza e a imaginação dos mareantes foi talhando objectos e personagens fantásticas, onde o mar se espelha de mil cores e brilhos.
A cada braçada, As Grutas de Sophia de Mello Breyner Andresen: “Atravesso gargantas de pedra e a arquitectura do labirinto paira roída sobre o verde. Colunas de sombra e luz suportam céu e terra. As anémonas rodeiam a grande sala de água onde os meus dedos tocam a areia rosada do fundo. […] Os palácios do rei do mar escorrem luz e água. Esta manhã é igual ao princípio do mundo e aqui eu venho ver o que jamais se viu.” [Mara Gonçalves]
Porto Santo, Madeira
Se há praia de encher o olho, esta é uma delas. São uns 9km de areias ininterruptamente douradas, quentes, finas de coral, que alegram a costa sul da ilha madeirense. Ancorada no Atlântico, a praia vive sob a bênção e protecção de grandes dunas — aliás, esta é mesmo a Ilha das Dunas.
Banhada por um mar que aqui é um amigo calmo e caloroso, parece infinita, com espaço para toda a gente. Quem quiser mais movimentação é ficar nas proximidades da capital, a Vila Baleira, ou dos resorts — uns que dão mais gritantemente nas vistas, outros que, embora à beira do areal, são camuflados pelas dunas. Mas, na sua largura, é sítio para conseguir vasto espaço íntimo.
Deitados na praia, temos à frente todo o mar deste mundo. Atrás, o quadro aperfeiçoa-se em vegetação a ondular à brisa, as elevações dunares, os picos. Há até arte de praia: aqui e ali, alguns artistas entretêm-se a escrever nas dunas com pedras e pedrinhas o que lhes vai na alma.
Mesmo que a preguiça se queira impor, é obrigatório pelo menos um longo, longo passeio pela praia, para lhe ir descobrindo as geometrias de rochas e pedras limosas, plantas que fincam raízes no areal, poças e pocinhas. O ideal é seguir rumo a um dos seus extremos, a Ponta da Calheta, com o seu majestoso ilhéu da Cal nos olhos. É neste cotovelo rochoso da ilha que se pode ter o prazer da descoberta de outras maravilhas completamente diferentes da longa língua de areia — e até mais próximas das que ocupam o resto da recortada costa desta ilha vulcânica, passada que é entre enseadas, piscinas naturais, praias de calhaus, furnas.